Viva a Vitória das Ocupações das Escolas Estaduais em São Paulo!
Escola Estadual Diadema: uma das primeiras a ser ocupada, em 9 de novembro
A luta de classes na vida cotidiana da classe operária e das classes dominadas e de suas famílias se expressa pela contradição exploração / luta ou ainda opressão / resistência.
São os baixos salários em uma dura e prolongada jornada de trabalho; as longas horas de deslocamento em meios de transporte superlotados e precários; os bairros com infraestrutura urbana mínima, muitas vezes sem asfalto nem rede de esgoto, e neste ano também com racionamento de água; uma sucateada rede pública de ensino para seus filhos, entre muitos outros etc.
Pois em São Paulo, um dos estados mais castigados com o aumento do desemprego na atual crise do capital no país, foram justamente os filhos dos operários e dos trabalhadores paulistas que passaram a assumir a frente na luta e na resistência.
Cartaz em frente à Escola Estadual Salvador Allende, Zona Leste de São Paulo
Em protesto contra a política do governo do estado de fechamento de escolas, originalmente prevista para fechar 1.000 escolas e atingir 1.000.000 de alunos, durante todo o mês de novembro os estudantes do ensino médio público ocuparam as suas escolas, ameaçadas de fechar. Como uma chispa que se espalha e termina por incendiar toda a pradaria, as ocupações avançaram num crescendo para atingir quase duas centenas de escolas ocupadas.
Ocupação na maior escola estadual de São Paulo, no bairro de Perus
http://noticias.r7.com/sao-paulo/maior-escola-estadual-de-sao-paulo-e-ocupada-19112015
A justa luta dos estudantes paulistas inicialmente podia ser resumida por uma singela frase: “a gente não quer o fechamento da nossa escola”. Não queriam que suas escolas fossem fechadas, que fossem obrigados a se deslocar quilômetros e quilômetros até achar outra escola. Não queriam ser obrigados a assistir aulas em salas ainda mais lotadas. Não queriam mais um corte das verbas para a educação. E eles ocuparam!
Ocupação na Escola Estadual Carlos Gomes, em Campinas
E ocupando rapidamente atraíram para si uma dupla reação. Apoio e solidariedade por parte de seus pais, de boa parte dos professores e mesmo de alguns diretores, e da sua comunidade. Apoio que se concretizou em alimentos e demais materiais para a ocupação, e no acompanhamento da ocupação. Pelo lado do aparelho repressivo do estado, no entanto, houve perseguição, difamação, agressões variadas e detenções. Mas eles resistiram!
Estudantes em assembleia durante ocupação de sua escola, em Sorocaba
E resistindo, impuseram a justeza de sua luta e a firmeza de sua determinação. Em resposta às primeiras agressões da Polícia Militar, as ocupações aumentaram. Contra o os pedidos de “reintegração de posse” do governo do estado, até mesmo o conservador Poder Judiciário paulista se rendeu aos estudantes e negou. E após quase um mês de ocupações, o governador do estado capitulou, “adiou” a “reestruturação” da rede escolar, e seu secretário de educação – que antes pregava a “guerra” contra os estudantes – se demitiu. Os estudantes venceram!
O que vimos nesse mês foi um importante episódio da luta de classes em nosso país.
Vimos a História – em maiúscula – se escrevendo com os lápis e as canetas escolares nos cartazes afixados nas paredes das escolas ocupadas e com a tinta das faixas nas manifestações de rua.
Vimos a juventude, filha da classe operária, a partir dos bairros populares e de suas escolas, entrarem na luta de classes (aberta) e na cena política.
Muitas outras batalhas da luta de classes ainda virão para essa juventude. Mas as classes dominadas se formam politicamente no calor da luta contra a burguesia exploradora, contra os seus governos e contra seu aparelho repressivo.
Essa juventude – na luta contra a ameaça de perder suas escolas – aprendeu lutando que ela tem um mundo a ganhar!
Ato público na Avenida Faria Lima em defesa das ocupações