As eleições não são solução para nada! Nossas conquistas virão de nossa organização e de nossa luta!
Cem Flores
30.09.2022
Leia abaixo o Manifesto que abre o novo livro do Cem Flores: Quem são os nossos inimigos? Quem são os nossos amigos? Essas são questões fundamentais! A conjuntura econômica e política brasileira e a posição comunista.
Manifesto
Estamos às vésperas de mais uma eleição geral no Brasil. Desse processo eleitoral sairão os responsáveis por gerenciar a dominação e a exploração capitalista no país. Por isso, os políticos burgueses e pequeno-burgueses de todas as matizes, alimentados pelos bilionários fundos partidários e instrumentalizados pelos capitais, concorrem entre si e se lançam sobre as massas com suas ilusões, prometendo, como sempre, mundos e fundos. Buscam se legitimar através do voto para mais alguns anos de serviços aos patrões.
As eleições, dizem, colocam o poder em nossas mãos. Seria a tal “festa da democracia”. Mas, na realidade, não passa de mais um momento em que usam nossas mãos para continuarem a nos acorrentar na escravidão assalariada da exploração capitalista, onde não há democracia nenhuma, apenas a ditadura dos patrões. Esse estado não é nosso, dos trabalhadores e das trabalhadoras, e nunca age em nosso nome!
As eleições atuais continuam marcadas pela crise econômica e pela crise política que atravessam o capitalismo brasileiro há vários anos. A crise econômica é caracterizada pelas últimas grandes recessões e pela estagnação sem horizonte de solução, aprofundada por conta da condição cada vez mais subordinada da economia brasileira na divisão internacional do trabalho. Já a crise política, pelo elevado grau de atrito entre as forças políticas burguesas, pelo grande descontentamento de massas e pelo crescimento de um campo autoritário e golpista sob a direção de Bolsonaro. Tais crises têm oportunizado uma forte ofensiva dos patrões, para recuperar os lucros e o crescimento, e gerado um acirramento das contradições políticas no estado e no sistema político burguês. A disputa eleitoral, nesses marcos, acaba sendo mais acirrada, por parte das forças burguesas, e incerta quanto aos seus desfechos políticos. Porém, possui uma certeza: a disputa central é por quem continuará a ofensiva dos patrões em curso na luta de classes.
As eleições de 2022 são disputadas sobretudo por duas principais forças políticas burguesas, representadas pelas principais candidaturas presidenciais: Bolsonaro, representante da extrema-direita, fascista, genocida, com amplo apoio da burguesia, em seu autoritarismo crescente; e Lula, maior representante do reformismo e do oportunismo, ideologias burguesas atuando junto à massa trabalhadora para mantê-la subordinada à exploração das classes dominantes. O primeiro, o mais recente serviçal dos patrões, abertamente contra a luta dos/as trabalhadores/as. O segundo, um já conhecido serviçal dos patrões, que diz defender os/as trabalhadores/as – pura enganação. As duas forças políticas apresentam, em vários pontos, riscos diferentes à massa trabalhadora e sua causa. Mas, fundamentalmente, representam duas faces da mesma ofensiva patronal que ocorre no país. Duas candidaturas de patrões para patrões!
O proletariado e as classes trabalhadoras do país enfrentam nesse período condições de vida pioradas depois da pandemia, de mais uma crise e da elevação da carestia de vida. Na luta de classes, há muito estão na defensiva, sem sua posição própria, organizada e independente, encontrando dificuldades até mesmo para resistir e manter suas conquistas passadas. Diante das eleições, muitas ilusões dessas classes se desfizeram, mas outras se mantêm ou se renovam, sobretudo pela ação dos reformistas e dos oportunistas que participam de tal processo e mantêm nele o centro de sua atuação e pela quase absoluta ausência de uma posição proletária na luta de classes.
Cabe aos/às comunistas dizer em alto e bom som que, no cenário eleitoral atual, o proletariado e as classes trabalhadoras não conseguem se representar e se fazer força capaz de aproveitar tal espaço sequer para denúncia e acúmulo político. Por isso mesmo, não cabe às organizações e núcleos de esquerda, aos/às trabalhadores/as, apoiar e referendar tal processo, fazer dele algo relevante para sua luta hoje. Nossos problemas não serão resolvidos por esse caminho e hoje não podemos reforçar esse engodo do processo eleitoral e muito menos cair nas ilusões daqueles que vivem para nos enrolar.
Sabemos que muitos/as se perguntam, de forma sincera: então, fora a eleição, que fazer, por onde ir? Ou ainda: não seria a eleição uma forma de ao menos golpear o fascismo, que avança nas entranhas do estado brasileiro, sob o bolsonarismo? A resposta é simples: não conseguiremos golpear nossos inimigos de classe, inclusive os mais odiosos e perigosos, sem força, organização e independência de classe. Tal força só ressurgirá se superarmos o eleitoralismo representado pelo petismo e seus satélites, derrubarmos todas as ilusões com as instituições ou frações burguesas e colocarmos toda nossa energia e confiança nas lutas concretas e cotidianas nos locais de moradia e trabalho, na nossa capacidade de nos unirmos e enfrentar nossos inimigos.
Se quisermos combater de fato o processo atual de fascistização, que tende a continuar independentemente das eleições, não há outro caminho. Serão nas lutas, nas greves e nos protestos e ações por melhores condições de vida, resistindo aos ataques dos patrões e do estado, que enfrentaremos o fascismo juntamente com a ofensiva burguesa (da qual ele faz parte). Transformando assim esse duro momento em uma oportunidade de nos reconstruirmos enquanto força autônoma na luta de classes e avançar para o caminho revolucionário, a única solução para sair dessa vida de exploração e miséria.
Desenvolver a luta dos dominados hoje no Brasil, avançar em suas necessidades e conquistas, exige uma análise da conjuntura, do ponto de vista do proletariado, das crises econômica e política do país às vésperas das eleições gerais de 2022. Sem tal análise, o rumo correto da luta fica comprometido. Por isso, o Coletivo Comunista Cem Flores se esforçou, nos últimos meses, para analisar com atenção a conjuntura da luta de classes no Brasil buscando identificar, por um lado as condições de acumulação e de lucratividade do capital na implementação do seu programa hegemônico e as condições políticas de sua ofensiva de classe e, por outro, as condições de vida, as mobilizações e resistências da classe operária e das demais classes dominadas, assim como suas possibilidades de avanço. Essas análises agora estão compiladas e atualizadas neste livro: Quem são os nossos inimigos? Quem são os nossos amigos? Essas são questões fundamentais! A conjuntura econômica e política brasileira e a posição comunista.
O objetivo maior desse esforço é o de contribuir para a divulgação de uma posição comunista, marxista-leninista, que possa ajudar na retomada do caminho revolucionário do proletariado, em busca de reconstruir seu instrumento político próprio e independente, o Partido Comunista, ferramenta indispensável para encabeçar a luta da classe operária e das massas exploradas pela sua libertação da escravidão assalariada, pela derrubada do regime burguês e a construção da república dos/as trabalhadores/as, o socialismo!
Sem ilusões com as eleições! Nossas conquistas virão de nossas lutas!
Reforçar a necessária resistência proletária diante da ofensiva dos patrões!
Acesse gratuitamente o livro aqui.