A Conjuntura Internacional no começo de 2024
Boletim Que Fazer – fevereiro de 2024
2024 se inicia como mais um ano de crise do imperialismo, com efeitos nefastos sobre as classes exploradas em todo o mundo.
Cem Flores
03.02.2024
Uma longa crise do imperialismo
Desde a grande crise financeira de 2007-08, o sistema imperialista não conseguiu se recuperar. O crescimento econômico diminuiu, as taxas de lucro não voltaram ao patamar anterior. São as contradições do próprio capitalismo que levam necessariamente às crises, deixando evidente os limites desse sistema.
Nesse período de uma década e meia, a burguesia de todo o mundo partiu para a ofensiva contra o proletariado e demais classes exploradas. No capitalismo, o patrão só recupera seus lucros por meio do sangue e do suor do trabalhador! Em todos os países, a situação das classes exploradas piorou, com desemprego, exploração crescente, perda de conquistas trabalhistas, mais repressão e volta do fascismo… Até o momento, as importantes resistências que surgiram, em greves, protestos e revoltas, não conseguiram barrar o fundamental dessa ofensiva, que continua.
A crise também agravou as contradições entre blocos imperialistas, entre potências econômicas, principalmente entre EUA e China. Nesse cenário, há uma nova corrida armamentista e proliferação de guerras regionais. O imperialismo e sua crise significam barbárie contínua para os povos de todo o mundo!
A conjuntura econômica internacional
Depois de três anos de recuperação da crise da pandemia (2021-23 – em 2023, principalmente pela reabertura “tardia” da China), vários países e regiões do mundo devem desacelerar em 2024. Não é esperado uma recessão, mas o desemprego deve aumentar e a economia global estagnar.
Os EUA devem desacelerar esse ano, apesar da previsão de queda na taxa de juros. Além do baixo crescimento, em torno de 2%, o país continuará enfrentando ampliação do endividamento. Na China, a previsão é de crescimento de 4,6%, indicando também uma desaceleração. Nesse país, as contradições internas também são consideráveis, com uma crise capitalista no setor imobiliário e crise fiscal nas províncias.
Na Europa, o crescimento continuará muito baixo, em torno de 1%. Na América Latina, o crescimento deve cair abaixo de 2%, agravando ainda mais a situação de miséria e de fome na região. Segundo a Cepal, 180 milhões de pessoas na região não possuem renda suficiente para cobrir suas necessidades básicas. Ou seja, estão na miséria. Isso é mais do que a população de toda a Rússia!
O imperialismo é guerra e fascismo!
O imperialismo e sua crise também constituem as razões de fundo para as guerras atuais. Seja o avanço imperialista dos EUA e da OTAN na tentativa do cerco à Rússia, seja na reação desse país em ampliar o espaço de sua acumulação de capital e domínio político-militar, que causaram a guerra na Ucrânia. Igualmente, a geopolítica do imperialismo e seu apoio a Israel causam a guerra colonial contra os palestinos, guerra que se amplia regionalmente envolvendo Líbano, Irã, Iraque, Paquistão, Iêmen, entre outros. Outras regiões do globo hoje correm o risco de iniciarem conflitos armados nesse contexto.
A guerra imperialista leva à destruição e mortes em massa para as classes exploradas e os povos dominados. No caso palestino, Israel tem realizado um verdadeiro genocídio, com a limpeza étnica e devastação em toda Faixa de Gaza, com dezenas de milhares de civis mortos nesses quatro meses de guerra.
A ampliação das guerras também pode ter impactos significativos na economia mundial, afetando preços de mercadorias e cadeias globais de produção, como ocorreu no início da guerra na Ucrânia.
Além das guerras, a necessidade de maior controle e repressão do capital em crise sobre os trabalhadores dá origem ao fortalecimento da extrema-direita, fascista e autoritária, tanto nos países imperialistas (EUA, França, Itália, Alemanha), quanto nos dominados (Brasil, Argentina, Polônia, Hungria). Na Argentina, o novo governo de extrema-direita tem reprimido violentamente as greves e manifestações contra inúmeras “reformas” patronais e privatizações. Assim como apoia abertamente o massacre do povo palestino.
Derrubar esse sistema de barbárie
2024 se inicia como mais um ano de crise do imperialismo, com efeitos nefastos sobre as classes exploradas em todo o mundo. Desemprego, fome, falta de perspectiva, guerra, fascismo, sem contar o avanço da crise climática que afeta sobretudo a população mais pobre.
Nesse cenário de crise global, de barbárie crescente, vários movimentos de resistência surgem, com destaque para o caso palestino, que hoje é um exemplo de resistência popular, com solidariedade internacional, apesar de seus limites e contradições. Recentemente, as lutas na Argentina e os protestos antinazistas na Alemanha também se destacaram como exemplos de resistência aos ataques impostos pelas classes dominantes e à fascistização.
No último período, houve avanços de algumas organizações do movimento comunista internacional, com ampliação da posição revolucionária, rompendo com as ilusões reformistas presentes na maioria da chamada esquerda. Como exemplos o avanço do Partido Comunista Grego e o surgimento do Partido Comunista Argentino.
As massas exploradas só sairão desse cenário de barbárie se reforçarem esse caminho de luta e em defesa de uma revolução socialista. Esse sistema precisa ser derrubado!