A catástrofe ambiental do capitalismo no Rio Grande do Sul opõe patrões e trabalhadores/as!
Boletim Que Fazer – maio de 2024
Ouça aqui as denúncias da Rádio Fala Peão sobre a situação no Rio Grande do Sul.
Cem Flores
26.05.2024
O capitalismo explora as classes trabalhadoras e destrói o planeta!
O capitalismo é a produção predatória, sobre os/as trabalhadores/as, que produzem todas as riquezas, e sobre a natureza. O objetivo dos burgueses é o lucro máximo, não interessa o custo de exploração e destruição. O capitalismo está levando o planeta à destruição. Os desmatamentos e a poluição do ar, rios e oceanos geram as atuais mudanças climáticas e o aumento das catástrofes ambientais. Isso sem falar nas guerras e nos genocídios que crescem a cada dia. Quem mais sofre são as massas trabalhadoras, que vivem nas áreas mais vulneráveis e não possuem recursos para se defender dessas barbáries.
2023 foi o ano mais quente da história. Os representantes da burguesia dos países imperialistas e dominados se reúnem, com seus organismos internacionais e estados, para enganar a todos, anunciando medidas sempre descumpridas pela necessidade de seguir devastando a natureza, explorando as classes trabalhadoras e lucrando cada vez mais.
O capitalismo brasileiro depende da espoliação da natureza e da exploração brutal dos/as trabalhadores/as
A história brasileira, desde a colônia, é a história da exploração predatória da natureza. Extrativismo de cana, ouro, café e borracha no passado. Hoje, de soja, carnes, garimpo, minério e petróleo. A industrialização e a construção de imensas metrópoles também resultaram em desmatamento e poluição. Do escravo de ontem ao/à informal ou uberizado/a de hoje, a violência do capitalismo brasileiro ataca a classe trabalhadora e a natureza.
Neste século, mudanças na divisão internacional do trabalho imperialista – com a enorme demanda da industrialização capitalista chinesa por matérias-primas – afetaram a estrutura produtiva do Brasil, cada vez mais dependente de commodities. A soja, o maior produto de exportação, resume isso: monocultura cresceu no Sul e Sudeste, conquistou o Centro-Oeste e chegou ao Norte e Nordeste. Essa monocultura de exportação triplicou neste século, enquanto caiu a produção de arroz, feijão e mandioca, alimentos para o povo, que sofre com a carestia.
2023 também foi o ano mais quente no Brasil, com ondas de calor no Centro-Oeste e Sul, com redução das chuvas no Nordeste e aumento no Sul.
Somando aquecimento global e mudanças climáticas, desmatamento e incêndios florestais, monocultura e sede de lucro dos patrões, as catástrofes ambientais explodiram: destruição da ganância da Samarco em Mariana (2015) e da Vale em Brumadinho (2019), enchentes e desmoronamentos em Petrópolis, Recife (2022) e no Maranhão (2023), seca histórica e as queimadas na Amazônia (2023), e agora duas enchentes no Rio Grande do Sul, em setembro de 2023 e maio de 2024.
As enchentes no Rio Grande do Sul não têm apenas causas naturais!
O Rio Grande do Sul sofreu duas enchentes catastróficas em menos de um ano, como não se via desde a grande cheia de 1941. Além das causas climáticas globais e nacionais, os culpados pelas mortes de trabalhadores/as e destruição são os patrões e seus governos (federal, estadual e municipal) de todos os partidos (PT, PL, PSDB, MDB). Foram eles que “passaram a boiada” na legislação ambiental e desmontaram sistemas de proteção para o ajuste fiscal dos rentistas e os lucros do agronegócio. Foram derrubadas 500 normas ambientais, criado um “autolicenciamento” ambiental, ocupadas áreas de proteção, zerado o orçamento de prevenção de enchentes etc.
Os políticos burgueses e seus patrões são culpados pela catástrofe: 163 mortos, 63 desaparecidos e 806 feridos; quase 650 mil desalojados e em abrigos; e 2,3 milhões afetados em 469 municípios gaúchos. Estima-se que a enchente tenha invadido 300 mil casas, 800 estabelecimentos de saúde, quase 700 escolas, mais de mil templos, plantações, estradas. Porto Alegre e outras cidades já estão alagadas há quase um mês e ainda vai levar tempo para a água voltar ao normal.
Organizar a solidariedade e a luta dos/as trabalhadores/as!
Os patrões só pensam nos lucros e querem aproveitar a catástrofe, assim como fizeram na pandemia de Covid, para aumentar nossa exploração: querem centenas de bilhões de reais do governo, suspender contratos de trabalho, reduzir salários, layoffs, banco de horas, não pagar FGTS etc. Eles e suas fábricas ficam nos lugares mais protegidos. Quem perdeu a vida, parentes e amigos, casa e tudo o mais foram os/as trabalhadores/as, que moramos nas casas mais precárias e nos locais de maior risco. E estamos sendo forçados a continuar a trabalhar, nas piores condições, para não morrer de fome!
Quando o assunto sair das manchetes e as “doações” dos ricos e dos governos desaparecerem, os patrões vão ter verbas públicas bilionárias para a reconstrução e os/as trabalhadores/as vão ficar com salários menores, menos emprego, morando em abrigos, sem hospitais e com os/as filhos/as sem aula.
Nossa força vem de nós mesmos! Da nossa solidariedade e ajuda mútua nas dificuldades. Da nossa organização para resistir aos patrões e defender nossas vidas. Resistir para sobreviver neste inferno capitalista até acumularmos força, organização e capacidade de luta suficientes para derrubar tudo isso e construir o socialismo, a verdadeira sociedade de irmãos e irmãs trabalhadores/as!
FAÇAMOS NÓS COM NOSSAS MÃOS TUDO QUE A NÓS NOS DIZ RESPEITO!
Ação e solidariedade proletária na catástrofe ambiental capitalista no Rio Grande do Sul.