CEM FLORES

QUE CEM FLORES DESABROCHEM! QUE CEM ESCOLAS RIVALIZEM!

Boletim QUE FAZER, Conjuntura, Destaque, Lutas, Nacional

A atual luta dos bancários e a necessidade de fortalecer a resistência dos trabalhadores

Boletim Que Fazer – Setembro de 2024

Após uma proposta de reajuste vergonhosa, os trabalhadores e as trabalhadoras de vários bancos no país se mobilizam.

Cem Flores

16.09.2024

Revolta contra a proposta dos banqueiros

Setembro é a data-base da grande categoria dos bancários do Brasil, com centenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras. Nos últimos anos, essa categoria tem sofrido intensificação do trabalho, constante adoecimento, além de várias perdas na luta contra os patrões. Desde a aprovação da reforma trabalhista e o refluxo das greves no país, os bancários estão lutando com dificuldade para resistir às ofensivas dos bancos e furar o bloqueio gerado pelos pelegos das principais centrais sindicais e confederações.

Enquanto os bancários adoecem e têm sua exploração intensificada, os banqueiros seguem com lucros astronômicos. Desde 2021, os lucros batem recorde atrás de recorde. O lucro líquido do ano passado foi de R$ 144 bilhões! E os dados para este ano mostram que o período de bonança para o bolso dos banqueiros continua.

Para manter essa ordem das coisas, os donos dos bancos apresentaram uma proposta de reajuste salarial que revoltou a categoria dos bancários em todo o país. Os bancos inicialmente colocaram na mesa de negociação um reajuste que nem cobria a perda inflacionária.

Os banqueiros ampliaram um pouco a migalha, até chegar à proposta de “aumento real” de 0,7% neste ano e de 0,6% ano que vem. A maioria dos pelegos dos sindicatos apoiou essa proposta, o que gerou revolta nas bases de trabalhadores. Nesse processo, os bancos ampliaram, contando inclusive com a ajuda dos pelegos, suas ameaças contra os trabalhadores, visando paralisar a luta. Com o fim da chamada ultratividade, os patrões se sentem com mais respaldo para cortar conquistas das categorias após o término da validade das convenções e acordos coletivos.

O papel dos pelegos

Como na maioria do movimento sindical hoje no Brasil, as entidades dos bancários são controladas majoritariamente por pelegos. Os principais sindicatos e confederações estão nas mãos de centrais pelegas como a CUT, por exemplo a CONTRAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).

Nos últimos anos, esses pelegos foram fundamentais para a ofensiva dos bancos se consolidar contra os bancários. Sua postura serviçal e sua aposta nas mesas de negociação e na institucionalidade, que resultou em inúmeras derrotas, afasta setores inteiros da categoria da luta sindical. Esse papel de desorganização e enfraquecimento da luta coletiva feita pelos pelegos é extremamente útil aos patrões. É assim que bancos têm conseguido impor acordos de dois anos muito rebaixados sem uma resistência significativa. Derrotas que são maquiadas como “grandes vitórias” pelos pelegos (que agora recebem seu “imposto” a cada negociação fechada), como a recente proposta de aumento real de menos de 1%, defendida por eles e já aprovada em vários bancos.

Os pelegos também são os primeiros a amedrontar a categoria quanto aos “riscos” de não ceder às chantagens dos patrões – sendo que se chegou a esse contexto dos bancos proporem até perda salarial em meio a lucros recordes exatamente após anos de medo e recuo.

Já as “oposições bancárias” são hoje sobretudo correntes que limitam sua ação à denúncia aos pelegos – que cumprem seu papel de aliado dos patrões – mas não atuam efetivamente no fortalecimento da base dos trabalhadores, único caminho possível para romper esse quadro.

Alimentar a revolta e ampliar a organização pela base

Na atual data-base, ocorreram alguns importantes pontos de resistência e oposição aos pelegos e aos bancos. Até mesmo algumas greves foram realizadas, como no Amazonas, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e outros locais.

Muitos trabalhadores e trabalhadoras da base se indignaram com as propostas dos bancos e participaram de assembleias e paralisações, além de grupos de debates nas redes sociais. Por várias vezes os pelegos foram desmascarados em suas jogadas e no seu papel de desmobilização.

É construindo a partir dessa justa revolta que os trabalhadores dos bancos e demais categorias poderão sair desse momento tão recuado da luta. Somente com maior organização independente, tanto dos patrões quanto dessa estrutura sindical oficial, com foco na luta pela base, que nos fortaleceremos para contra-atacar o inimigo que hoje nos joga para o arrocho e para o adoecimento.

Mesmo que desta vez a proposta de luta não tenha encontrado a força necessária para alimentar uma greve nacional, os focos de resistência mostram que é possível reagir na categoria bancária ao jogo combinado dos pelegos e dos patrões.

Avançar na organização e na luta independente dos trabalhadores!

Denunciar a aliança dos pelegos com os patrões!

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- 16/09/2024