CEM FLORES

QUE CEM FLORES DESABROCHEM! QUE CEM ESCOLAS RIVALIZEM!

Conjuntura, Destaque, Nacional

Rádio Fala Peão: As lutas no estado do Pará

Indígenas de vários povos e trabalhadores na ocupação da secretaria de educação do Pará. A luta e a unidade resistiram a toda repressão e tentativas de divisão, seguindo firme por semanas. Diante da resistência o governo recuou em seus ataques contra os trabalhadores da educação e as escolas do interior do estado.

Cem Flores

13.02.2025

Nesta publicação, transcrevemos a 43ª edição da Rádio Fala Peão. A Rádio existe desde 2020 e é um importante instrumento de divulgação da luta da classe operária e demais trabalhadores no Brasil. O contato para receber a Rádio e enviar denúncias é o seguinte: (51) 98905-7031.

O tema desse programa são as vitoriosas lutas na educação do Pará nesse início de 2025. Em uma firme resistência contra o governo do estado, trabalhadores, comunidades e povos tradicionais deram exemplo e mostraram que é possível derrotar nossos inimigos de classe. A luta continua!

O movimento comemora a revogação da lei 10.820 pela assembleia legislativa no dia 12.02.

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43ª edição da Rádio Fala Peão

Atenção, está no ar a Rádio Fala Peão! Escute nossa rádio para saber como está a situação dos operários nas fábricas do Brasil e notícias dos trabalhadores pelo mundo.

Neste programa, vamos falar das várias lutas que estão acontecendo nesse início de 2025 no estado do Pará.

Estopim

No apagar das luzes de 2024, o governo do estado do Pará aprovou a toque de caixa e com muita repressão um novo estatuto dos trabalhadores da educação. Essa nova lei, de número 10.820, retira diversas conquistas dos trabalhadores do estado e piora em muito as condições de trabalho nas escolas.

Como nos contaram dois trabalhadores de escolas públicas do Pará:

“A gente teve um grande retrocesso no que diz respeito a carga horária de trabalho. Antes a gente tinha 45 minutos hora/aula passou-se para 60 sem nenhum tipo de aumento salarial feito para isso!”

“As condições de trabalho são péssimas. Na nova lei as atribuições dos especialistas em educação estão todas misturadas. A gente não dá conta daquelas 63 atribuições que estão lá!”

As comunidades que dependem das escolas públicas para estudar também são atingidas. O interior do Pará é povoado por várias comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, e o governo pretende cortar verbas para o atendimento nessas regiões. As aulas presenciais nessas comunidades, uma conquista depois de anos de lutas, estão comprometidas.

A luta dos trabalhadores e das comunidades em defesa da educação

Mesmo em período de férias nas escolas, a mobilização contra esse grande ataque do governo do Pará cresceu. Em um protesto no dia 14 de janeiro, indígenas de várias etnias ocuparam o prédio da secretaria estadual de educação. A ocupação conta hoje com centenas de pessoas, de várias partes do estado. Além disso, muitos protestos aconteceram pelo interior, incluindo o bloqueio de várias rodovias, em apoio à ocupação e pela revogação da lei.

Vamos ouvir dois trabalhadores que apoiaram a ocupação e as manifestações:

“As manifestações são extremamente necessárias. Elas já fizeram com que a categoria do magistério pudesse ser olhada. Eu apoio sim a manifestação dos indígenas até porque eles seriam os mais prejudicados, não só eles, mas os ribeirinhos também.”

“Elas foram o impulso necessário para o setor da educação se levantasse contra todo retrocesso.”

Em assembleia realizada no dia 16 de janeiro foi aprovada a greve para o dia 23. Várias passeatas e reuniões nas escolas deram ainda mais impulso ao movimento. Outras categorias do setor público também estão se juntando por melhores salários depois de anos de arrocho.

O governo tenta ao mesmo tempo enrolar os trabalhadores e indígenas, cooptar suas lideranças e também reprimir o movimento, com ameaças e perseguições. Mas a mobilização segue firme, sabendo que só com a união os poderosos recuarão de todos os ataques; e que só se conquista algo pra valer à custa de luta e sacrifícios.

Como afirma uma liderança indígena, sobre a importância da independência na luta:

“A gente não quer fazer parte desse bolo, nós só queremos garantir um direito que é de cada povo, de cada etnia que tá aqui ocupando a SEDUC.”

A luta tem surtido efeito e mostrado a força dos trabalhadores! O governo do Estado está emparedado, recuou na aplicação da nova lei, e seus apoiadores, os tímidos e os assumidos, não conseguiram aplicar suas artimanhas para desmobilizar o movimento. Mas é fundamental que o apoio aumente, e mais trabalhadores pelo Brasil saibam o que está acontecendo: isso diz respeito a todos nós.

A Rádio Fala Peão se solidariza com a luta no estado do Pará, que tem dado um exemplo de união de categorias para enfrentar um inimigo em comum. Vários operários, que têm seus filhos em escolas públicas e também são explorados em obras para o governo apoiam o movimento e se somam em solidariedade. É com nossa força e organização que arrancaremos as melhoras em nossas vidas.

Ajude a divulgar esse programa, para que esse exemplo de luta inspire outras categorias e localidades. Nosso muito obrigado a você que nos acompanhou até aqui e até breve.

Esta foi a 43ª edição da Rádio Fala Peão, como sempre, mantemos o anonimato das denúncias e depoimentos que nos são encaminhados. Nosso programa é feito por trabalhadores e para trabalhadores. Mande sua denúncia para o número que lhe enviou essa mensagem. A sua contribuição é muito importante para os próximos programas.

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- 13/02/2025