Sobre a Luta de Classes na Construção do Socialismo e a Ameaça de Retorno ao Capitalismo: um documento da Revolução Cultural na China
70 Anos da Revolução Comunista na China e 41 Anos do Início da Restauração Capitalista
Cem Flores
10.04.2020
“nós devemos ter pessoas sem Partido controlando os Comunistas”[1].
“Eu duvido muito que se possa dizer com sinceridade que os Comunistas estão dirigindo esse conjunto [a enorme máquina burocrática, o aparelho de estado]. Para dizer a verdade, eles não estão dirigindo, eles estão sendo dirigidos”[2].
“há burocratas não só em nossas instituições soviéticas, mas também nas instituições do partido”[3].
Lênin
Os problemas teóricos e práticos da revolução socialista, da transição do capitalismo ao socialismo e da construção do socialismo, nas esferas econômica, política e ideológica, têm uma longa trajetória no marxismo-leninismo. Seu marco foi a Comuna de Paris, de 1871, que forçou Marx e Engels a desenvolverem o marxismo, a partir desse caso concreto, das descobertas e invenções do poder operário, de suas novas formas e experiências, assim como de sua derrota e de seus erros. Não por outra razão, Engels conclui sua introdução à edição de 1891 de A Guerra Civil na França, da seguinte forma: “Pois bem, senhores, quereis saber que rosto tem esta ditadura [do proletariado]? Olhai para a Comuna de Paris. Era a ditadura do proletariado”.
Da mesma forma, Lênin também se dedicou a analisar a Comuna, “primeira tentativa da revolução proletária para demolir a máquina de Estado burguesa”, dedicando-lhe todo o capítulo 3 de O Estado e a Revolução. Mas Lênin, com a Revolução Russa, pode ir além. A necessidade da transição e da construção naquelas condições concretas, em um país muito atrasado e devastado pela guerra civil, leva a um importante desenvolvimento de suas formulações, especialmente seus textos da década de 1920, pós-Comunismo de Guerra. Nesses textos, vemos a defesa de um recuo tático em direção ao capitalismo (NEP), conjugado com a defesa da ampliação e do reforço da ligação com as massas proletárias (principalmente) e camponesas (Inspeção Operária e Camponesa). Vemos também uma análise objetiva das limitações do Partido Bolchevique, da permanência do velho estado e dos velhos costumes, reforçando tendências burguesas na sociedade e no partido. Breves citações desses textos foram incluídas por nós como epígrafes.
Outro momento relevante desse debate marxista-leninista sobre a transição e a construção foi a Cuba revolucionária dos anos 1960. Nesse debate internacional estimulado pelos revolucionários cubanos e seus problemas concretos, destacou-se a figura do Che e sua crítica enfática ao reforço de categorias mercantis e ao interesse material individual. Ao analisar os países socialistas do leste europeu e a URSS, em meados dos anos 1960, criticava o hibridismo do seu sistema econômico nos seguintes termos: “Tudo parte da concepção errônea de querer construir o socialismo com elementos do capitalismo”. Ao tratar especificamente da URSS, o Che foi profético: “se está regressando ao capitalismo”. Antecipando à crítica daqueles que não conseguem pensar por si mesmos, que substituem a análise concreta da realidade concreta por conclusões pré-estabelecidas, confundem aparência com realidade, e que substituem o marxismo pelo pragmatismo, o Che escreveu: “Muitos sentirão sincera estranheza diante deste acúmulo de razões novas e diferentes, outros se sentirão feridos e haverá aqueles que verão em todo o livro apenas uma raivosa posição anticomunista disfarçada de argumentação teórica”[4].
Não obstante todas essas indispensáveis formulações, críticas e aplicações criadoras do marxismo-leninismo às experiências e às realidades concretas da França, da URSS, do Leste Europeu e de Cuba, achamos que as formulações mais avançadas sobre a questão da transição e da construção foram feitas pelos revolucionários chineses durante as quase três décadas de construção do socialismo na China (1949-1976), em especial em sua última década, caracterizada pela Revolução Cultural (especialmente em seus dois ou três primeiros anos).
Assim – e continuando nossa série de publicações sobre a restauração capitalista na China, iniciada no ano passado – trazemos para os camaradas e leitores a tradução para o português do texto A Grande Revolução Cultural Brilhará Para Sempre, de 1976[5]. Trata-se de um documento histórico que comemora os dez anos do início da Revolução Cultural, período de intensa luta de classes contra as “revisões” no marxismo, os desvios burgueses e os riscos de restauração capitalista.
Aos interessados no debate sobre a transição socialista e a restauração capitalista na China, assim como seu importante papel atual enquanto força imperialista, seguem nossas publicações:
– A Restauração Capitalista na China: textos de Francisco Martins Rodrigues, de 05.10.2019.
– Debate sobre a Restauração Capitalista na China, de 11.10.2019.
– O Debate Bettelheim-Sweezy Sobre a Transição Para o Socialismo – 1ª parte, de 20.12.2019, e 2ª parte, de 27.12.2019.
– O Imperialismo Chinês na África, por Ana Barradas, de 14.02.2020.
O documento também relembra os dez anos da publicação da Circular do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), de 16 de maio de 1966, documento fundamental que indica as orientações principais da Revolução Cultural, como que marcando o seu início. Ao traduzir este texto, portanto, queremos apresentar para o debate entre os camaradas e leitores não apenas um texto fundamental para a Revolução Cultural (a Circular de maio de 1966), cujos principais pontos são destacados no texto a seguir, mas também as formulações do PCCh após dez anos da Revolução Cultural e do fato que imediatamente antecede a publicação do texto, em maio de 1976: a decisão do PCCh, de 7 de abril daquele ano, de demitir Deng Xiaoping, “o maior obstinado pela via capitalista dentro do Partido”, de todos os seus cargos dentro e fora do PCCh.
Como o documento destaca, e a realidade comprovou nos anos seguintes à sua publicação, a “linha revisionista contrarrevolucionária”, o “desvio de direita que queria reverter a linha justa”, e a atuação dos defensores e “seguidores da via capitalista”, todos agindo dentro do Partido e do aparelho de estado, constituíam o principal risco à construção do socialismo na China. De acordo com o texto da Circular de maio de 1966, que se revelou tristemente profético: “Aqueles representantes da burguesia que entraram furtivamente no Partido, no governo, no exército e em várias esferas da cultura são um bando de contrarrevolucionários revisionistas. Uma vez que as condições estejam dadas, eles irão capturar o poder político e tornar a ditadura do proletariado em uma ditadura da burguesia”.
Ou, como os revolucionários chineses afirmam em outro trecho, tratando da necessidade da Revolução Cultural: “Se a Grande Revolução Cultural não tivesse ocorrido, não teria demorado muito para que uma restauração contrarrevolucionária em escala nacional tivesse inevitavelmente ocorrido, para que nosso Partido tivesse se tornado um partido revisionista, e para que toda a China tivesse mudado sua coloração política”.
Esses trechos não tratam somente do estabelecimento de uma linha justa de construção do socialismo e da atuação revolucionária dos militantes e dirigentes do partido. Eles tratam de uma questão fundamental, um desenvolvimento do marxismo-leninismo explicitado pela experiência concreta da Revolução Chinesa: a tese da continuidade da luta de classes durante a construção do socialismo, após a Revolução, e da continuação da revolução sob a ditadura do proletariado.
Foi, portanto, contra esses grupos e suas políticas e práticas e em defesa dos princípios fundamentais do marxismo-leninismo, que a linha socialista, liderada por Mao Tse-Tung e pelos dirigentes da Revolução Cultural, realizou uma “luta de vida ou morte”, com enormes mobilizações das massas camponesas e operárias em defesa do poder proletário, da revolução, do socialismo. A Revolução Cultural, portanto, foi o resultado das condições concretas da luta de classes na China em meados dos anos 1960 – “Esta grande revolução, que tem sido gestada há muito tempo, foi o resultado inevitável da aguda luta entre as duas classes” – e estimulou o desenvolvimento criativo do marxismo-leninismo.
Nas condições concretas de maio de 1976, o documento ataca explícita e diretamente as diretrizes políticas de Deng Xiaoping, mostrando seu caráter abertamente contrarrevolucionário e burguês, ao defender “a teoria do fim da luta de classes e a teoria das forças produtivas” e trabalhar dentro do partido, especialmente nos seus organismos principais, para “pavimentar o caminho para uma retomada capitalista completa”.
Mas essa análise crítica da linha burguesa e especialmente das teses de Deng Xiaoping não parece ter impedido uma subestimação teórica e prática do inimigo de classe, que atua a partir dos resquícios da velha ideologia da sociedade de classes, dos velhos hábitos, e dos privilégios, da situação relativamente mais favorável que acaba beneficiando os dirigentes do partido no poder. Subestimação, portanto, da força dessas teses tanto no partido quanto na sociedade.
O texto afirma que, após dez anos de Revolução Cultural, a linha socialista teria ganhado o “apoio irrestrito de todo o Partido, de todo o exército e do povo pelo país… Aqueles que tentaram reverter a linha justa e anular conquistas prévias ficaram extremamente isolados e serão derrotados em pouco tempo”. Mesmo entendendo tratar-se de documento político, para estimular a linha socialista no seu ataque à linha de restauração capitalista, não se pode ignorar quem foi efetivamente “derrotado em pouco tempo”…
Mas, a nosso ver, a subestimação mais relevante do inimigo de classe está na crítica ao capitalismo e à linha dos defensores da via capitalista, tratando-as como um mero retorno ao passado: “A via capitalista defendida por Deng Xiaoping nos levaria, novamente, à velha China semicolonial e semifeudal, e reduziria a China a um apêndice do imperialismo e do social-imperialismo”. A realidade das últimas décadas nos mostrou o erro dessa subestimação do inimigo.
Afinal de contas, desde o final dos anos 1970, a China está trilhando a via da restauração capitalista, marcada pela derrota da Revolução Cultural e pelo enfraquecimento significativo da corrente socialista, revolucionária. Sobretudo com as “reformas econômicas” e “modernizações” de Deng Xiaoping e seus sucessores do “socialismo com características chinesas”, que escancararam as portas para o desenvolvimento e a ampliação das relações de produção capitalistas. O poder de Estado e o próprio Partido foram ocupados pela burguesia e seu programa. A ditadura do proletariado se tornou, enfim, ditadura da burguesia, do capital. Ou seja, cumprindo as previsões e alertas do documento abaixo – o que mostra a justeza da Revolução Cultural.
Não deixa de ser interessante que, comemorando os dez anos do primeiro documento da Revolução Cultural, o título do documento afirme que ela “brilhará para sempre”. Lendo esse documento hoje, no começo de 2020, talvez de forma anacrônica, o título nos passou a impressão de que, de alguma forma, os revolucionários chineses intuíam que essa batalha estava perdida, mas que a guerra entre capitalismo e socialismo ainda teria inúmeras outras batalhas, nas quais os ensinamentos, positivos e negativos, da Revolução Cultural brilhariam. Afinal, como afirma o texto, “devemos nos preparar ideologicamente para uma luta prolongada contra os defensores da via capitalista e para continuar a revolução sob a ditadura do proletariado”.
Apesar da derrota da posição comunista e revolucionária, esse gigantesco momento da luta de classes operária e do marxismo continua a brilhar. Para ódio dos burgueses e dos falsos comunistas, inclusive os que se apossaram do PCCh, que até hoje buscam apagar a força e as lições dessa Revolução da memória das massas. E, como dizia Mao, “a presente Grande Revolução Cultural é apenas a primeira; inevitavelmente virão muitas outras no futuro”.
* * *
A Grande Revolução Cultural Brilhará Para Sempre
Em comemoração ao 10° aniversário da “Circular” do Comitê Central do Partido Comunista da China de 16 de maio de 1966, pelos Departamentos Editoriais de “Renmin Ribao”, “Hongqi” e “Jiefangjun Bao”
[Este artigo é uma reprodução da “Peking Review”, vol. 19, #21, 21 de maio de 1976, pp. 6-10]
Dez anos atrás, a Circular de 16 de maio do Comitê Central do Partido Comunista da China foi elaborada sob a orientação pessoal de nosso grande líder, o Presidente Mao. Esse brilhante documento marxista chamou atenção para a Grande Revolução Cultural Proletária e iluminou o curso de seu avanço triunfante. Hoje, tendo conquistado grandes vitórias na luta para criticar Deng Xiaoping e repelir a tendência de desvio de direita que queria reverter a linha justa, nós celebramos calorosamente o 10° aniversário da Grande Revolução Cultural e reestudamos a Circular, que nos dá uma compreensão mais aprofundada da necessidade e do significado de longo alcance da revolução e uma maior confiança para perseverar em continuar a revolução sob a ditadura do proletariado.
A Circular foi elaborada na feroz luta entre os quarteis-generais proletário, liderado pelo Presidente Mao, e burguês, chefiado por Liu Shao-chi. Criticava incisivamente a linha revisionista contra-revolucionária de Liu Shao-chi, expunha a essência reacionária do “Relatório Preliminar de Fevereiro”[6], refutava as falácias contra a Grande Revolução Cultural disseminada pelas pessoas do Partido no poder que tomavam o caminho capitalista, armava todo o Partido com a teoria Marxista-Leninista da luta de classes e da ditadura do proletariado, e nos chamou a expor e criticar os representantes burgueses no Partido e a reconquistar a parte da liderança que eles usurparam. A formulação da Circular proclamou a falência do “Relatório Preliminar de Fevereiro”. Desde então, a Grande Revolução Cultural Proletária vem avançando vigorosamente.
O Presidente Mao apontou: “Não poderíamos continuar sem a Grande Revolução Cultural Proletária”. Esta grande revolução, que tem sido gestada há muito tempo, foi o resultado inevitável da aguda luta entre as duas classes, as duas vias e as duas linhas. Por anos o renegado, traidor escondido e praga Liu Shao-chi e companhia fizeram esforços frenéticos para avançar a linha revisionista contrarrevolucionária, teimosamente presos à via capitalista. Eles deram seu máximo para se opor, em todas as frentes, à linha revolucionária do Presidente Mao: clamando sobre os capitalistas “tendo mérito em exercer a exploração”, e sobre “consolidar a nova ordem democrática”; drasticamente cortando o número de cooperativas e praticando san zi yi bao[7]; louvando os filmes reacionários “História Interna da Corte de Ching” e “A vida de Wu Hsun”; e resistindo à crítica da peça “Hai Jui Demitido do Cargo”. Por um período, o quartel-general burguês de Liu Shao-chi estava controlando o poder do Partido e dos campos cultural e de propaganda em muitas localidades. Capitalismo e revisionismo eram desenfreados nos departamentos ideológicos e culturais sob seu controle. Hordas de fantasmas e monstros saíram à luz e encheram nossa imprensa, rádio, livros e obras literárias e de arte. Uma grave situação na qual a burguesia exercia ditadura sobre o proletariado se desenvolveu em certas esferas na superestrutura. Incentivos materiais e “bônus em comando” foram praticados amplamente para atrair pessoas à via capitalista. Em uma grande maioria de fábricas e empresas, a liderança não estava nas mãos de marxistas reais e das massas de trabalhadores. Nossa base econômica socialista não era sólida. Se a Grande Revolução Cultural não tivesse ocorrido, não teria demorado muito para que uma restauração contrarrevolucionária em escala nacional tivesse inevitavelmente ocorrido, para que nosso Partido tivesse se tornado um partido revisionista, e para que toda a China tivesse mudado sua coloração política.
Com grande compreensão do Marxismo-Leninismo, o Presidente Mao percebeu, a tempo, o grave perigo de que os seguidores da via capitalista dentro do Partido estavam subvertendo a ditadura do proletariado. O Presidente Mao mostrou na Circular: “Aqueles representantes da burguesia que entraram furtivamente no Partido, no governo, no exército e em várias esferas da cultura são um bando de contrarrevolucionários revisionistas. Uma vez que as condições estejam dadas, eles irão capturar o poder político e tornar a ditadura do proletariado em uma ditadura da burguesia”. No curso da presente luta para combater as tentativas dos desvios de direita de reverter a linha justa, o Presidente Mao novamente disse: “Vocês estão fazendo a revolução socialista, e ainda não sabem onde a burguesia está. Ela está dentro do próprio Partido Comunista – aqueles no poder tomando a via capitalista. Estes defensores da via capitalista permanecem na via capitalista”. Nessas importantes instruções, o Presidente Mao analisou profundamente as mudanças nas relações de classes e as características da luta de classes durante o período do socialismo, avançou a tese científica de que a burguesia está dentro do Partido Comunista, desenvolveu o Marxismo-Leninismo e iluminou o caminho para continuarmos a revolução sob a ditadura do proletariado.
Na última década lutamos contra Liu Shao-chi, Lin Piao e Deng Xiaoping. Todas essas lutas provaram que a burguesia está, de fato, dentro do Partido Comunista. Os seguidores da via capitalista dentro do Partido são a principal força da burguesia em sua prova de força com o proletariado e em seus esforços para restaurar o capitalismo. O cerne da questão reside no fato de que estes seguidores da via capitalista são pessoas no poder que se esgueiraram dentro da própria estrutura da ditadura do proletariado. Líderes da linha revisionista, como Liu Shao-chin, Lin Pao e Deng Xiaoping, possuem uma grande parte do poder do Partido e do Estado. Eles estão, portanto, em uma posição capaz de transformar os instrumentos da ditadura do proletariado em instrumentos para exercer a ditadura sobre o proletariado, assim, eles seguem ainda mais implacáveis em seus esforços para restaurar o capitalismo do que a burguesia fora do partido. Eles podem usar esse poder para recrutar desertores e renegados, formar grupos que seguem seus interesses egoístas, criar uma base burguesa, trabalhar uma linha revisionista e aplicá-la de cima para baixo. Eles podem consolidar e estender o direito burguês, proteger seus próprios interesses, nomeadamente, os interesses dos “altos oficiais” que praticam o revisionismo, desviam e desperdiçam grandes quantidades de riqueza social, se engajam energicamente em atividades capitalistas, minam e perturbam as relações de produção socialistas. Vestindo a “capa” do Marxismo-Leninismo e ostentando todos os tipos insígnias, eles são capazes de enganar, por algum tempo, um número de pessoas que não compreendem a situação real e não possuem um alto nível de consciência, levando-os a seguir sua linha revisionista. Resumindo, eles são representantes políticos da burguesia e, em sua luta contra o proletariado, eles são os comandantes de todas as forças sociais e grupos que resistem à revolução socialista e se opõem e minam a construção do socialismo.
Deng Xiaoping, o maior obstinado pela via capitalista dentro do Partido, atuou como comandante instigando, veementemente, o desvio de direita que culminou no incidente político contrarrevolucionário na praça Tien An Men. Antes da Grande Revolução Cultural, ele era o nº 2 no comando do quartel-general burguês de Liu Shao-chi. Os dois quartéis-generais burgueses de Liu Shao-chi e de Lin Pao foram esmagados durante a Grande Revolução Cultural e, quando Deng Xiaoping foi criticado pelas massas, suas palavras fluíram em uma séria de votos como “Irei rever meu caminho” e “Eu nunca reverterei nossa linha”. Mas, quando retornou ao trabalho e alcançou o poder, ele se desfez do seu disfarce e, com ódio aumentado dez vezes e furor aumentado cem vezes, trouxe toda sua experiência na luta política contrarrevolucionária, elaborou um programa, preparando a opinião pública e montando um ataque organizado e planejado no Partido, com a lança apontada para o nosso grande líder, o Presidente Mao.
“Tomar as três diretivas como os elos centrais” – esse era o programa político de Deng Xiaoping para reverter a linha justa e restaurar o capitalismo. Pregando a teoria do fim da luta de classes e a teoria das forças produtivas, este programa revisionista se opõe a considerar a luta de classes como o aspecto central e nega a linha básica do Partido e a necessidade da Grande Revolução Cultural. Deng Xiaoping tentou torná-lo o “programa geral para todo o trabalho” por um longo período e impô-lo a todo o Partido e ao povo por todo o país para pavimentar o caminho para uma retomada capitalista completa.
“Capture posições ideológicas” – esse foi o movimento que Deng Xiaoping fez para preparar a opinião pública para seu esquema de reverter a linha justa e restaurar o capitalismo. Após chegar ao poder, especialmente durante os meses de julho, agosto e setembro e posteriormente, rumores políticos e histórias estranhas surgiram em todo lugar na sociedade. Todos esses rumores e histórias estranhas se originaram com Deng Xiaoping e foram fabricados por sua máquina de boatos. Deng Xiaoping e seus seguidores criaram, ardentemente, opiniões públicas contrarrevolucionárias por vários meios para ludibriar as pessoas e criar divisões. Fazendo isso, eles dirigiram seu ataque ao Comitê Central do Partido liderado pelo Presidente Mao e criaram um chamado para abrir o caminho para Deng Xiaoping usurpar a liderança do Partido e tomar o poder de Estado.
“O primeiro e mais importante alvo é assegurar os organismos principais” – essa foi a medida organizacional que Deng Xiaoping adotou em suas tentativas de reverter a linha justa e restaurar o capitalismo. Ele opôs-se à instalação das organizações de liderança revolucionárias “três em um”, atacou e afastou os quadros idosos, de meia idade e jovens que apoiam a linha revolucionária do Presidente Mao, reuniu seguidores obstinados da via capitalista e os colocou em posições importantes, reunindo “legiões restauracionistas” em sua tentativa de reverter a linha justa e restaurar o capitalismo. Ele fez seu máximo para manter renegados e agentes especiais dentro do Partido, que haviam sido identificados como tais durante a Grande Revolução Cultural, para que eles pudessem ensaiar um retorno ao poder em algum momento futuro.
“Realizar retificações gerais” – esse era o plano de ação de Deng Xiaoping para seu esquema de reverter a linha justa e restaurar o capitalismo. No momento em que ele emitiu a ordem de “retificação”, surgiu o sinistro movimento para reverter a linha justa. Através da “retificação”, ele almejava acabar completamente com a linha revolucionária do Presidente Mao e suas políticas, as conquistas da Grande Revolução Cultural, e a superioridade do sistema socialista. A assim chamada retificação era, em sua essência, um ataque da burguesia sobre o proletariado e uma tentativa de restauração capitalista.
Todos estes atos de Deng Xiaoping foram uma continuação e um desenvolvimento do reacionário “Relatório Preliminar de Fevereiro”, que o Presidente Mao já havia criticado na Circular. O ato de Deng Xiaoping de “tomar as três diretivas como os elos centrais” é uma cópia da linha revisionista que a Circular descreve como “negar completamente que os milhares de anos de história humana são uma história de luta de classes”, “negar completamente a luta de classes do proletariado contra a burguesia, a revolução proletária contra a burguesia e a ditadura do proletariado sobre a burguesia”. A Circular expõe Peng Chen por espalhar, deliberadamente, rumores para desviar as pessoas do alvo da luta e denuncia, de forma mordaz, sua “campanha de retificação” como uma que visa atacar a esquerda proletária e proteger os direitistas burgueses. Deng Xiaoping foi ainda mais longe. Sua linha é uma continuação da linha revisionista contrarrevolucionária de Liu Shao-chi e Lin Piao. Se sua linha for seguida, não apenas as realizações da Grande Revolução Cultural seriam anuladas, mas as da Revolução Chinesa como um todo, também seriam perdidas. A via capitalista defendida por Deng Xiaoping nos levaria, novamente, a velha China semicolonial e semifeudal, e reduziria a China a um apêndice do imperialismo e do social-imperialismo. Como o Presidente Mao mostrou na Circular quando ele criticou os representantes da burguesia: “Eles são lacaios fiéis da burguesia e dos imperialistas. Juntos com a burguesia e os imperialistas, eles agarram-se à ideologia burguesa da opressão e exploração do proletariado e ao sistema capitalista, eles se opõem à ideologia Marxista-Leninista e ao sistema socialista”; “sua luta contra nós é de vida ou morte, não existe ponto comum. Desta forma, nossa luta contra eles, também, não pode ser nada além de uma luta de vida ou morte”.
Os méritos históricos tremendos da Grande Revolução Cultural Proletária, iniciada pessoalmente e liderada pelo Presidente Mao, residem no fato de que o esquema da burguesia presente dentro do Partido para restaurar o capitalismo foi esmagado de forma resoluta e em boa hora, sua linha revisionista contrarrevolucionária foi criticada e que a parte do Partido e do poder de Estado por eles usurpado, foi retomada, desta forma garantindo que nosso país continue a avançar segundo a linha revolucionária do Presidente Mao. Os méritos da Grande Revolução Cultural também residem em resolver, tanto na teoria quanto na prática, a questão central do movimento comunista internacional contemporâneo, a saber, como consolidar a ditadura do proletariado e prevenir a restauração do capitalismo. Centenas de milhões de trabalhadores, camponeses e soldados, quadros e intelectuais revolucionários chegaram a conclusão, cada vez mais profunda, de que a Grande Revolução Cultural “é absolutamente necessária e oportuna”. Eles aclamam acaloradamente: “A Grande Revolução Cultural é excelente!”. Apenas os defensores obstinados da via capitalista, como Deng Xiaoping, nutrem ódio amargo por ela. Empenhados em anular ganhos prévios e reverter a avaliação correta da Grande Revolução Cultural, ele ofende a grande maioria do povo. Eles não concordam com ele, nem irão permitir que ele continue. “Reverter a linha justa vai contra a vontade do povo”. A vontade do povo, do Partido e dos membros do Partido é dar continuidade à revolução e contra restauração e retrocesso. É precisamente por essa razão que a grande luta, pessoalmente iniciada e liderada pelo Presidente Mao, para repelir as tentativas dos desvios de direita de reverter a linha justa ganhou apoio irrestrito de todo o Partido, de todo o exército e do povo pelo país. A luta tem o total apoio do povo e é para sua grande satisfação. Aqueles que tentaram reverter a linha justa e anular conquistas prévias ficaram extremamente isolados e serão derrotados em pouco tempo.
Conseguimos grandes vitórias, mas a luta ainda não chegou ao fim. A luta para criticar a linha revisionista contrarrevolucionária de Deng Xiaoping deve ser levada adiante e aprofundada. Não devemos nunca enfraquecer nossa vontade de lutar. O punhado de inimigos de classe não serão perdoados após sua derrota. Aprendendo com seus fracassos, eles estão testando táticas e métodos para lidar conosco. O povo revolucionário deve estar sobriamente consciente disto.
Presidente Mao afirmou: “Lenin falou sobre criar um estado burguês sem capitalistas para garantir os direitos burgueses. Nós mesmos construímos apenas um tal estado, não muito diferente do da velha sociedade: existem hierarquias e categorias, oito categorias de salários, distribuição de acordo com o trabalho e troca de valores iguais”. Enquanto estas condições ainda existirem, enquanto as classes, contradições de classes e luta de classes existirem e, enquanto as influências da burguesia, do imperialismo internacional e do revisionismo existirem, o fenômeno histórico de que “os defensores da via capitalista ainda estão na via capitalista” permanecerá por muito tempo. No primeiro aniversário da Circular, o Presidente Mao nos fez esta advertência: “A presente Grande Revolução Cultural é apenas a primeira; inevitavelmente virão muitas outras no futuro”. Durante a atual luta para repelir a tentativa do desvio de direita de reverter a linha justa, o Presidente Mao assinalou novamente “Após a revolução democrática, os trabalhadores, os pobres e os pequenos e médios camponeses não ficaram parados, eles queriam a revolução. Por outro lado, alguns membros do Partido não queriam prosseguir; alguns retrocederam e se opuseram a revolução. Por que? Porque eles se tornam altos oficiais e queriam proteger os interesses dos altos oficiais”. “Existirá a necessidade de uma revolução daqui a cem anos? Ainda existirá a necessidade de uma revolução daqui a mil anos? Sempre há a necessidade de revolução. Sempre há uma parte da população que se sentirá oprimida; oficiais de baixa patente, estudantes, trabalhadores, camponeses e soldados não gostam de ser oprimidos por pessoas influentes. Esse é o motivo pelo qual eles querem revolução. As contradições deixarão de existir daqui a dez mil anos? Por que não? Elas ainda estarão presentes”. Desta forma, devemos nos preparar ideologicamente para uma luta prolongada contra os defensores da via capitalista e para continuar a revolução sob a ditadura do proletariado.
O Presidente Mao disse no início deste ano: “Sem luta não existe progresso”. “Podem 800 milhões de pessoas se virar sem luta?! Os dez anos da Grande Revolução Cultural Proletária foram uma década na qual avançamos pela luta e trouxemos tremendas mudanças para nosso país. Estudando o Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsetung no curso da luta, centenas de milhões de pessoas aumentaram grandemente suas consciências no combate e prevenção do revisionismo e na continuação da revolução. A linha proletária revolucionária do Presidente Mao encontra-se ainda mais profundamente enraizada no coração das pessoas. Ao se livrar do velho e abrigar o novo, nosso Partido cresceu em força e se tornou mais vigoroso que nunca. Nosso exército se fortaleceu após passar por novos testes e fazer novas contribuições para o povo no “apoio à indústria, à agricultura e às amplas massas de esquerda, exercendo controle militar e dando treinamento político e militar”. A milícia contribuiu para a consolidação da ditadura do proletariado pela participação na luta em defesa da pátria e na luta de classes na sociedade. A combinação “três em um” dos idosos, meia-idade e jovens tem sido adotada nos órgãos de liderança em todos os níveis, e milhões e milhões de sucessores da causa proletária revolucionária estão se preparando e amadurecendo ao longo da luta, de acordo com os cinco requerimentos propostos pelo Presidente Mao. A revolução socialista na educação, literatura e arte, medicina e trabalhos da saúde, ciência e tecnologia tem avançado a passos largos na luta aguda entre as duas linhas. Um vasto número de jovens educados tem, avidamente, se estabelecido no interior, e quadros de todos os níveis têm perseverado na via da Diretriz de Sete de Maio de 1966. Os movimentos das massas para aprender Tachai na agricultura, e aprender Taching na indústria têm aumentado. Agricultura, indústria e toda a economia nacional têm prosperado. Nossa grande pátria é um cenário de florescente prosperidade. A Grande Revolução Cultural Proletária liberou, ainda mais, as energias do povo em suas centenas de milhões. O tremendo impacto desta revolução, que está apenas começando a aparecer, irá fazer-se sentir ainda mais forte com o aprofundamento da revolução.
Devemos continuar nosso avanço triunfante e levar adiante essa excelente situação. As amplas massas de membros do Partido, quadros e demais pessoas, devem, conscienciosamente, estudar as importantes instruções do Presidente Mao sobre a Grande Revolução Cultural e a luta para repelir as tentativas de desvio para a direita, estudar a teoria sobre a continuação da revolução sob a ditadura do proletariado, possuir uma clara compreensão sobre a questão de onde a burguesia pode ser encontrada e exercer uma ditadura completa sobre a burguesia, e persistir no combate e prevenção do revisionismo e continuar a revolução. Devemos adquirir uma profunda compreensão das brilhantes vitórias e do tremendo significado da Grande Revolução Cultural, apoiar completamente as novas conquistas socialistas, e consolidar e desenvolver as conquistas da Grande Revolução Cultural. Devemos aprofundar a crítica a Deng Xiaoping, repelir as tentativas de desvio de direita para reverter a linha justa e golpear, de forma resoluta, todas as atividades disruptivas contrarrevolucionárias. Devemos unir cerca de 95% dos quadros e das massas sob o objetivo geral de criticar Deng Xiaoping, e continuar a fazer um bom trabalho na revolução, na superestrutura e na base econômica. Devemos “assegurar a revolução, promover a produção e demais trabalhos, e nos prevenir contra a guerra” e avançar continuamente a construção socialista em todos os campos.
O proletariado está cheio de otimismo revolucionário. Temos confiança na dialética. Acreditamos firmemente que “a supressão do velho pelo novo é uma lei geral, eterna e inviolável do universo” (Mao Tsetung: Sobre a Contradição). Apesar das várias voltas e desvios da estrada da revolução e apesar das várias fases boas e más que ela encontra, a verdade do Marxismo-Leninismo-Pensamento Mao Tsetung é irresistível e as massas do povo, que somam mais de 95% da população, invariavelmente desejam a revolução. A Revolução irá, inevitavelmente, triunfar sobre a reação, o novo sobre o velho – essa é a lei da história. Passou apenas um século desde a fundação do Marxismo, e o velho mundo já foi quebrado em pedaços. Hoje o capitalismo e o revisionismo estão declinando como “um por do sol no oeste”. Os palhaços que seguem contra a corrente da história podem continuar seu caminho por algum tempo, mas irão, eventualmente, ser varridos para a lata de lixo da história pelo povo. Como Marx e Engels disseram, “Sua [da burguesia]derrota e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis” (Manifesto do Partido Comunista). Enquanto comemoramos o 10° aniversário da Circular, estamos cheios de orgulho revolucionário ao olharmos para trás, para o curso da luta da Grande Revolução Cultural, vemos a excelente situação na qual “os corrupiões cantam e as andorinhas dardejam”, e olhamos adiante, em direção ao futuro brilhante quando “o mundo estiver sendo virado de cabeça para baixo”. Sob a liderança do Comitê Central do Partido, liderado pelo Presidente Mao, estamos determinados a perseverar na tomada da luta de classes como elo central e levar adiante continuamente a revolução sob a ditadura do proletariado até seu fim.
A linha revolucionária do Presidente Mao é invencível, e nosso avanço não pode ser detido!
A Grande Revolução Cultural Proletária brilhará para sempre!
(16 de maio de 1976)
[1] Lênin. Instruções do Conselho de Trabalho e Defesa às Administrações Soviéticas Locais (rascunho). 21 de maio de 1921. Disponível em inglês: https://www.marxists.org/archive/lenin/works/1921/may/21.htm.
[2] Lênin. Informe Político do Comitê Central ao XI Congresso do PCR(B). 27 de março de 1922. Disponível em inglês: https://www.marxists.org/archive/lenin/works/1922/mar/27.htm.
[3] Lênin. Melhor Pouco, Porém Melhor. 4 de março de 1923. Disponível em inglês: https://www.marxists.org/archive/lenin/works/1923/mar/02.htm.
[4] Todas as citações do Che foram tiradas dos seus escritos de 1965-66, compilados no livro Apuntes Críticos a la Economía Política. Bogotá: Ocean Sur. 2007, pp. 125-6, 31 e 32.
[5] Traduzido da versão em inglês publicada pela “Pekin Review”, disponível em https://www.marxists.org/subject/china/peking-review/1976/PR1976-21d.htm.
[6] O “Relatório Preliminar de Fevereiro” refere-se ao “Relatório Preliminar sobre a Discussão Acadêmica Atual Realizada pelo Grupo dos Cinco, Encarregado da Revolução Cultural”, que foi aprovado para distribuição em 12 de fevereiro de 1966 a todo o Partido pelo revisionista contra-revolucionário Peng Chen, que empregou os métodos mais desonestos, agiu arbitrariamente, abusou de seus poderes e usurpou o nome do Comitê Central do Partido. Este relatório preliminar se opôs ao avanço da revolução socialista até o fim, foi contrário à linha formulada pelo Comitê Central do Partido liderado pelo Camarada Mao Tsetung para a realização da Revolução Cultural, atacou a esquerda proletária e protegeu os direitistas burgueses, e seu objetivo era preparar a opinião pública para a restauração do capitalismo. Era um reflexo da ideologia burguesa no Partido e era um revisionismo completo. Nota do site www.massline.org.
[7] Refere-se à extensão de lotes para uso privado e de livre mercado, ao aumento de pequenas empresas com responsabilidades apenas com seus lucros e perdas, e a fixação de cotas de produção agrícola para famílias individuais, cada um por conta própria. Nota do site www.massline.org.