100 anos do PCP: três livros sobre a história do Partido Comunista Português
Cem Flores
06.04.2021
Como celebração aos 100 anos de existência do Partido Comunista Português o site Bandeira Vermelha e as Edições Dinossauro disponibilizaram três excelentes livros para entender a trajetória do PCP: 1) Do Centrismo ao Reformismo, de Francisco Martins Rodrigues; 2) Outros Olhares, de vários autores e 3) Pequena História do PCP e do Movimento Operário, também do FMR.
Os três livros, em brilhante edição, característica dos livros da Dinossauro, são excelentes materiais para o estudo de “tudo o que de positivo significou para o proletariado português a existência de um partido comunista no nosso país e [também para] analisar criticamente a deriva oportunista que tem assumido nas últimas cinco ou seis décadas”, como indica a apresentação dos livros no site Bandeira Vermelha.
É um importante material para nos ajudar a compreender a trajetória que levou à hegemonia reformista e oportunista na esquerda brasileira e, como também indica a apresentação, “contribuir para o ressurgimento da corrente comunista, para o encaminhamento da luta do proletariado num sentido revolucionário e para a construção de um partido que seja autenticamente um partido operário para a tomada do poder” objetivo ao qual nosso coletivo do Cem Flores se soma integralmente aos camaradas do Bandeira Vermelha.
Reproduzimos abaixo a sucinta apresentação dos livros publicada no Bandeira Vermelha. No final da apresentação estão os links para baixar os três livros em pdf.
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Centenário do PCP 1921-2021
Do combate operário à ilusão da geringonça
Bandeira Vermelha
07/03/2021
Com a elaboração deste dossiê, queremos celebrar tudo o que de positivo significou para o proletariado português a existência de um partido comunista no nosso país e analisar criticamente a deriva oportunista que tem assumido nas últimas cinco ou seis décadas.
Desde a época da fundação, o PCP envolveu-se em variadas lutas de classe, mas infelizmente encetou uma lenta caminhada para o oportunismo, em particular depois do 7º Congresso da Internacional Comunista, acabando numa situação de degenerescência final com o alinhamento em que sempre seguiu as orientações da União Soviética para os partidos sob sua influência.
Muitas diferenças nos separam do actual PCP. Nós, os que não se deixaram enredar no oportunismo, temos de olhar para essa história com olhar crítico, para não cometemos os mesmos erros, para ajudarmos à regeneração do comunismo, para nos ligarmos de novo à classe operária e para, com ela, a única classe interessada na revolução anticapitalista, elegermos de novo como alvo o derrube da burguesia e a instauração do socialismo.
Com este dossiê, queremos contribuir para o ressurgimento da corrente comunista, para o encaminhamento da luta do proletariado num sentido revolucionário e para a construção de um partido que seja autenticamente um partido operário para a tomada do poder. Como as experiências que se têm feito neste sentido não deram os resultados esperados, a única solução é continuar a insistir, aprendendo com os erros e procurando novos métodos e perspectivas.
A tarefa é gigantesca. Nos tempos que correm e fruto da escola derrotista do PCP a partir de 1956, a base trabalhadora que serviu de apoio ao Partido Comunista desde a sua fundação está cada vez mais dissociada dos ideais comunistas. Os operários de hoje já não acreditam na via da insurreição e da tomada do poder, na defesa do carácter proletário das suas lutas e dos seus programas, e são-lhes estranhos conceitos como a vigilância sobre a burguesia democrática, o internacionalismo proletário, a luta anti-imperialista. A ditadura do proletariado surge-lhes como uma abominação.
As novas gerações foram “educadas” para aceitarem como normal que os dirigentes direitistas não só abandonem a vigilância perante o movimento democrático da pequena-burguesia, como favoreçam a expansão da influência desta entre o proletariado, primeiro, no tempo dos seus pais e avós, com a política da unidade anti-salazarista, e agora com a táctica do apoio às correntes social-democratas do centro-esquerda, consubstanciada no apoio crítico ao partido dito socialista, em nome da luta contra a direita. É contra este estado de coisas que queremos reerguer-nos.
A peça principal deste dossiê sobre os 100 anos do PCP é um colectânea de textos de Francisco Martins Rodrigues, todos eles dedicados à crítica ao PCP. Os textos têm entre si a coerência necessária para serem lidos como uma narrativa corrida, tanto mais que cada tema está assinalado pelo autor com um título e subtítulos, na sua maneira bem pessoal de expor as ideias de uma forma didáctica e de fácil leitura.
A peça “Pequena história…” é também de Francisco Martins Rodrigues, reprodução integral e sem alterações de uns apontamentos feitos por ele na cadeia de Caxias, no final dos anos 60, sob o título “Elementos para a história do movimento operário e do movimento comunista em Portugal”. Passados para o exterior, foram reproduzidos em duplicador antes do 25 de Abril e circularam desde então nos meios marxistas-leninistas, tendo sido reeditados nos anos 90 nos “Cadernos Política Operária” que ele dirigia. A sua intenção era servir fins didácticos, para dar noções elementares aos militantes. Usados nas cadeias fascistas em cursos de formação dos presos, foram também estudados nos grupos marxistas-leninistas depois do 25 de Abril. Com naturais deficiências por terem sido feitos de memória, sem recurso a materiais de consulta, as informações que contêm são no entanto correctas no essencial.
A peça “Outros olhares” reúne textos vários dos quais se destacam os de João Madeira e Miguel Cardina, estudiosos da obra de Francisco Martins Rodrigues que são ao mesmo tempo investigadores de temas como as lutas no PCP, a extrema-esquerda, o colonialismo e outros aspectos fracturantes da história dos comunistas dentro e fora do PCP.
CENTENÁRIO DO PCP 1921-2021 | Do centrismo ao reformismo (Francisco Martins Rodrigues)
CENTENÁRIO DO PCP 1921-2021 | Outros olhares (Vários autores)