Live “Francisco Martins Rodrigues e a crítica do frentismo”
Cem Flores
20.04.2021
O Coletivo Cem Flores participou de mais uma live do Comboio Suburbano – Podcast. Ocorrida no dia 04 de abril, teve como tema Francisco Martins Rodrigues e a crítica do frentismo. Além dos membros do Podcast, o debate contou com a participação de Fred Aleixo. Convidamos os(as) camaradas e leitores(as) a assistirem ou ouvirem o debate, que se encontra nas plataformas Youtube e Spotify.
Como o próprio título da live indica, o debate resgatou as posições do dirigente comunista português Francisco Martins Rodrigues para realizar uma crítica às atuais propostas de frentes amplas contra governos e contra o fascismo. Tal “frentismo” é uma realidade conhecida pelos brasileiros: periodicamente tem aparecido manifestos e propostas e frentes amplas contra Bolsonaro, ou pela democracia, ou pela vida etc. Todas elas clamando pela união nacional, de todas as classes sociais, todas as forças políticas em prol de um suposto objetivo comum.
Outras publicações do Cem Flores sobre Francisco Martins Rodrigues e a crítica ao frentismo:
– Resenha do Cem Flores ao livro Anti-Dimitrov, de Francisco Martins Rodrigues, 06/07/2019.
– Intervenção do Coletivo Cem Flores no lançamento da edição brasileira do Anti-Dimitrov, 22/06/2019.
– Documento “Contra Bolsonaro: frentes amplas de classes ou resistência e luta operária e popular?”, 15/07/2020.
– Oportunismo Frentista, por António Barata, 24/08/2020.
Em nossas intervenções, defendemos que tais propostas de frentes que descartam a luta de classes, o papel dirigente do proletariado, o enfrentamento concreto contra capital, são expressões da hegemonia liberal na esquerda de hoje. O combate a essa hegemonia se faz necessariamente com o resgate da posição comunista, com a retomada da teoria e da prática marxista, como defendeu Francisco. Afirmamos que, a tese central da obra de Francisco é “atualizar e ratificar um dos principais fundamentos políticos e teóricos do marxismo-leninismo o da independência do proletariado na luta de classes, ou seja, a necessidade de combater a intromissão da ideologia burguesa em nossas fileiras. A necessidade de que a classe operária e as classes dominadas lutem com a sua posição, e não com a posição do inimigo”.
A discussão também abordou alternativas a tais propostas frentistas e da esquerda liberal. Afirmamos que uma tarefa central hoje é: “reforçar as formas concretas de luta, as formas embrionárias de resistência que existem no cotidiano. (…) O centro é retornar à luta concreta, à luta que existe no cotidiano das concentrações fabris, de trabalhadores em geral, na periferia das cidades, na luta hoje para sobreviver, nas formas de solidariedade que o povo hoje tem construído (…). Não será um processo curto, não é algo a ser resolvido rapidamente, mas não existe atalho”. Esse retorno às massas, aos seus problemas concretos, deve ser um concomitante afastamento do Estado, e das ilusões que o cercam: “não existe solução que não dependa de nós próprios. Este é um princípio que precisamos resgatar, o princípio que somos nós que resolvemos os nossos problemas. (…) A pequena burguesia, essa posição reformista diz: alguém precisa resolver nossos problemas por nós, e pede ao Estado burguês.”