Perspectivas para 2023
Quais são as tendências da luta de classes para as massas exploradas no Brasil neste novo ano?
Cem Flores
20.01.2023
O BRASIL E O MUNDO EM DESACELERAÇÃO
A perspectiva para 2023 é de redução do crescimento econômico no Brasil e no mundo. Após dois anos de limitada recuperação da recessão global de 2020, o FMI reduziu suas projeções de crescimento para este ano. Muitos países devem entrar em recessão, vários outros, ficar estagnados. A projeção para o Brasil, que nos últimos meses já se encontra com a economia estagnada, é de crescimento de menos de 1%.
O sistema imperialista mundial, que vive de constantes crises, não consegue romper o estado depressivo em que está atolado desde a crise de 2007-08. A crise da pandemia afetou fortemente a produção e o comércio global, porém sem destruir o excesso de capacidade produtiva global e a correlata superprodução de capital (e de mercadorias) que caracterizam esse estado depressivo. Como desdobramento dessa crise prolongada, nos últimos anos, há o acirramento do conflito entre as duas principais potências imperialistas (EUA-China). Também há a guerra na Ucrânia. Por conta desse quadro geral, houve quebra nas cadeias de produção e valorização, uma elevação das dívidas, da inflação e dos juros em todo o mundo. Tudo isso afeta os lucros e a acumulação do capital, derrubando a economia.
Mais uma vez, a perspectiva é que isso sobre ainda mais para os/as trabalhadores/as, como sempre no capitalismo. No último ano, nossa classe teve seus salários profundamente rebaixados pelo aumento da carestia de vida. O preço dos alimentos e da energia subiram em todo o mundo. Para este ano, a carestia deve continuar, além da tendência de elevação do desemprego.
Esse sistema nos explora em período de crescimento econômico e aumento de lucro às nossas custas, e, quando há crises, piora nossas condições de vida para que os patrões voltem a lucrar mais. Não há solução para os/as trabalhadores/as dentro do capitalismo!
NO BRASIL, MAIS UM GOVERNO DOS PATRÕES. E O FASCISMO CONTINUA VIVO!
A vitória de Lula-Alckmin não significa uma vitória dos/as trabalhadores/as. As primeiras medidas do novo governo mostram isso. Apesar de tentar nos enganar com um discurso contra a fome, de fingir que estará aberto aos movimentos populares, o fato é que o novo governo continua a atender os interesses dos patrões, como era esperado e como alertamos ao longo do ano passado. Todas as “reformas” dos últimos anos serão mantidas. Inúmeros representantes dos patrões estão nos cargos mais importantes. Até mesmo se mantém e concilia com bolsonaristas, como o novo ministro da defesa.
Além disso, o movimento fascista, como vimos no dia da invasão de Brasília, continua vivo, com base social, militantes e com apoio das “instituições” (vários governos estaduais, parlamentares eleitos, peso no judiciário e o principal das estruturas de repressão) e financiado pelos patrões.
O início de 2023 mostra que se quisermos de fato vencer o fascismo que cresceu e está estabelecido, se quisermos reconquistar o que nos foi arrancado e melhorar nossa vida, não há atalho que dependa de nossos inimigos de classe: precisaremos reforçar nossa luta e nossa organização própria e independente!
SEM ILUSÕES COM NOSSOS INIMIGOS DE CLASSE. PREPARAR-SE PARA OS COMBATES DE 2023
O ano mudou, mas a conjuntura continua dura para os/as trabalhadores/as e sua luta. Como vimos, as perspectivas econômicas para esse ano são ruins. A miséria e a exploração dos últimos anos devem permanecer se não reagirmos à altura. Sem elevar nossa resistência, os patrões continuarão na ofensiva!
A recente mudança de governo também mostra que não é por aí que virá a solução de nossos problemas. Aliás, essa “esquerda” que ilude e confunde faz é atrapalhar, dividir, paralisar e desorganizar nosso campo. Precisamos ter clareza que seremos nós, a classe operária, os/as trabalhadores/as, com nossas forças, que poderemos barrar a sanha dos patrões e varrer essa gente que quer uma ditadura ainda mais violenta contra nós.
2023 precisa ser um ano de muita luta, no qual precisaremos reforçar nossa organização e união enquanto trabalhadores/as. Neste ano, precisamos retomar nossa capacidade de luta, as greves e os protestos contra a exploração, o desemprego e a carestia. Nunca foi, nem será fácil. Mas nosso futuro, e o de nossos filhos e filhas, dependerá da nossa dedicação e garra nessa batalha. Bom ano de lutas para todos/as!
O PRESENTE É DE LUTA! O FUTURO SERÁ NOSSO!