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A violência contra as massas oprimidas avança também no campo

Boletim Que Fazer – Agosto de 2024

Entidades apontam para números alarmantes de violência no campo e na floresta em 2023. A ofensiva contra o campesinato, o operariado rural, os indígenas e os quilombolas continua sob mais um governo burguês.

Cem Flores

20.08.2024

A violência do capitalismo no Brasil

Os mais recentes dados sobre a violência e repressão no país demonstram que o capitalismo no Brasil continua realizando uma verdadeira guerra contra as massas exploradas. Essa guerra visa manter a opressão de classe burguesa, reprimir as tentativas de revolta das massas e gerar as condições necessárias para a burguesia arrancar o seu lucro por meio de nosso suor e nosso sangue.

Nas cidades, as polícias continuam suas chacinas e o encarceramento em massa nas periferias, sobretudo contra a população trabalhadora. Atualmente, o estado assassina cerca de 6 mil pessoas por ano no Brasil. Fora os massacres causados pelas milícias e empresas do crime organizado. Hoje são mais de 850 mil pessoas presas, o que significa uma das maiores populações carcerárias do mundo. Números de uma verdadeira guerra.

Essa violência e repressão também permanece de forma brutal no campo e na floresta. Nessas regiões, trata-se também do confisco e exploração de terras, água e riquezas naturais de povos indígenas, quilombolas e camponeses. Seja por meio de milícias privadas ou pelos braços oficiais do estado. De qualquer forma, toda essa violência tem a mesma origem: as classes dominantes e a exploração que elas impõem!

Guerra no campo e na floresta

Segundo os atuais levantamentos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o ano de 2023 foi marcado por altos índices de invasões, ações violentas, trabalho escravo e assassinatos no campo e na floresta. Em termos gerais, o ano passado foi o ano mais violento já registrado. Segundo a CPT, foram 2.203 conflitos, envolvendo mais de 950 mil pessoas. Maior número desde o início do levantamento da CPT, que começou em 1985!

As disputas em torno da terra, demanda histórica dos movimentos camponeses, indígenas e quilombolas no país, é a causa principal dos conflitos. As regiões Norte e Nordeste são as mais violentas. Em 2023, milhares de famílias foram despejadas de seus meios de sobrevivência por ações do estado ou de milícias dos latifúndios e empresários. A pistolagem aumentou 45% em relação a 2022, atingindo dezenas de milhares de famílias camponesas, indígenas e quilombolas. Fazendeiros, empresários, governos e grileiros unidos para intensificar o terror e a opressão no campo!

Além disso, nas fazendas e oficinas, foram registrados 251 casos de situação de trabalho semelhante à escravidão no meio rural, sobretudo em Goiás.

Especificamente em relação aos povos indígenas, ao menos 202 de seus territórios foram atacados de alguma forma em 2023, com destaque para os estados da Bahia e Mato Grosso do Sul. Foram mais de 208 de indígenas assassinados, sobretudo em Roraima. Fora outras mortes por falta de assistência básica e suicídios. O genocídio do povo Yanomami, cuja divulgação chocou o país, continuou ao longo de 2023, segundo o Cimi.

O ataque burguês no campo não tem ocorrido sem resposta. A CPT também registrou aumento de ações de resistência. Ocupações, retomadas, acampamentos, organização de autodefesa e protestos ocorreram em várias regiões do país. Isso apesar das direções pelegas e governistas em vários movimentos, como o MST. De toda forma, a luta ainda se encontra em um momento defensivo, assim como na luta sindical e popular na cidade.

Buscando reprimir ainda mais tais lutas e bloquear qualquer resistência dos dominados, outros tipos de ataques têm ocorrido, diretamente de Brasília. No congresso nacional, vários projetos de criminalização da luta pela terra estão em curso. A ameaça sobre a legalidade de várias terras indígenas permanece. No governo, enrola-se as bases dos movimentos com promessas, mesas de negociação que resultam em pouco ou nada resultam, conforme reconhecido por lideranças dos próprios movimentos alinhados com o governo. Na realidade, a tática governista resulta na desmobilização da luta, na criação de ilusões e na diminuição da força dos oprimidos.

A realidade por trás da demagogia

Na posse do novo governo burguês, em 2023, “representantes” das massas exploradas do país subiram a rampa do Palácio de Brasília em uma farsa que se torna cada dia mais escancarada. Um ano e oito meses depois, a exploração e a opressão cotidiana contra essas massas continuam enormes. Não adianta voltar com o ministério do “trabalho”, dos “indígenas”, da “igualdade racial”, dos “direitos humanos”… Esse é um governo da burguesia, para os patrões, inclusive em sua tentativa de iludir e cooptar os movimentos populares e as classes trabalhadoras.

Os números de violência e repressão no primeiro ano desse governo são uma prova cabal de seu real caráter e função de classe; de que a vida e a luta das massas exploradas do Brasil continuam em condições brutais, pois permanece uma brutal ofensiva burguesa. Por isso, é fundamental lutar contra nossos inimigos e se organizar com independência de classe. Só assim teremos chance de sair dessa situação de massacres anuais, tanto nas cidades quanto no campo.

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- 20/08/2024