Ho Chi Minh e Vo Nguyen Giap. Dois humildes gigantes à frente do Partido Comunista, do Exército Popular e do povo vietnamita, derrotando os imperialistas de Japão, França e EUA.
Camaradas,
Com imenso pesar, os comunistas e anti-imperialistas de todo o mundo recebemos hoje a informação da morte, no último dia 4 aos 102 anos, do notável general Vo Nguyen Giap, o cérebro militar que derrotou os japoneses, expulsou os franceses e humilhou os estadounidenses, expulsando-os todos do Vietnam.
As décadas de luta sem tréguas do povo vietnamita contra o colonialismo e a invasão imperialista trazem lições imorredouras e universais para todos os comunistas e anti-imperialistas do mundo inteiro.
Em primeiro lugar, a imprescindível necessidade de um Partido Comunista, enraizado no proletariado e nas massas populares, como vanguarda do processo revolucionário. No Vietnam foi exatamente esse partido – sob vários nomes, atuando em todas as condições exigidas pela luta revolucionária – que dirigiu a luta de libertação nacional e a guerra popular que culminaram com a vitória da revolução.
“Nosso partido nasceu quando o movimento revolucionário vietnamita já estava em pleno andamento. Desde o início, ele dirigiu os camponeses, lhes orientou a se levantarem e a instaurar o poder dos Sovietes. Dessa maneira, bem cedo, ele tomou consciência dos problemas do poder revolucionário e da luta armada”.
“Em 1930-31, o movimento revolucionário foi reprimido. Continuando a dirigir as massas na luta política, tanto ilegal quanto semilegal, nosso Partido vai usar seus melhores esforços para restaurar as bases revolucionárias e impulsionar o movimento. Em 1939, com a eclosão da segunda grande guerra, ocorrem alterações na situação externa e interna, e o problema da preparação da insurreição armada como via de libertação nacional se coloca novamente. Desde então, nosso Partido se dedicou à preparar o povo para a insurreição, ao levante. A insurreição triunfa em agosto de 1945; e logo, por nove anos consecutivos, o Partido vai dirigir a longa guerra de resistência do povo e conduzi-la à vitória”.
Giap. “As grandes experiências do nosso partido na direção da luta armada e na edificação das forças armadas revolucionárias”. [1]
Em segundo, a lição de que são o proletariado e as massas populares, lideradas pelo Partido Comunista, que farão a revolução. No Vietnam, a resistência ao invasor colonialista e imperialista aconteceu em todos os lugares, de todas as formas, sempre atacando, desgastando e amedrontando o inimigo, seja na guerra aberta, derrubando seus bombardeiros B-52, na guerrilha, na sabotagem dentro do território ocupado ou apoiando as forças revolucionárias. Forças revolucionárias que atuavam seguindo os princípios de respeitar o povo, ajudar o povo e defender o povo.
“A guerra de libertação do povo vietnamita foi uma guerra justa visando reconquistar a independência e a unidade da Pátria, a garantir aos camponeses o direito à terra e a defender as conquistas da Revolução de Agosto. Ela foi também, e antes de tudo, uma guerra popular. Educar, mobilizar, organizar, armar todo o povo para que ele participasse da resistência foi uma questão decisiva”.
Giap. “A guerra de libertação do povo vietnamita contra os imperialistas franceses e os invasores americanos”.
Terceiro, que a revolução ocorrerá nas condições concretas de cada país, cabendo ao Partido Comunista aplicar criativamente a teoria marxista-leninista a essas condições concretas. Nenhuma revolução jamais foi vitoriosa aplicando modelos prontos de outras revoluções que a precederam. A longa experiência de luta revolucionária no Vietnam comprova isso de maneira cabal.
Não apenas o Partido Comunista descobriu as formas mais adequadas de luta na sua realidade específica, como essas formas foram mudando conforme a conjuntura política de luta de classes, tanto nacional como internacional. A luta antes da segunda guerra mundial, a luta sob o domínio do fascismo japonês, a insurreição e a tomada do poder, a invasão do colonialismo francês, a guerrilha e a vitória em Dien Bien Phu, a invasão do imperialismo americano e sua derrota, com a vitória da guerra popular, cada momento teve sua forma de luta específica.
“Quando eu fui pedir uma ajuda suplementar a Moscou, em uma reunião com o Bureau Político [do PCUS], com o Presidente Brejnev, me perguntaram:
– Você disse que vencerá os americanos, mas nos perguntamos a você: você tem quantos regimentos? Quantos tanques pesados? E os americanos, quantos eles têm? Quantos aviões a jato vocês têm? E os americanos, quantos?
Eu respondi: ‘Eu conheço essa questão, é a questão da correlação de forças, segundo as teorias que vocês ensinam na academia militar soviética, que é uma academia com uma grande supremacia. Mas se nós combatermos à soviética, nós não conseguiremoslutar nem por duas horas. Mas nós combateremos à vietnamita, e nós venceremos’ (GIAP – Memórias Centenárias da Resistência, curta-metragem de Silvio Tendler, de 2003).
“A história da luta armada e da edificação das forças armadas no Vietnam é a de uma pequena nação submetida à dominação colonial, que não dispunha nem de um território vasto nem de uma população numerosa, que tinha que lutar, apesar da ausência de um exército regular no início, contra as forças de agressão de uma potência imperialista, para finalmente triunfar, liberando a metade do país e permitindo-lhe se engajar na via do socialismo. Quanto à política militar do Partido de vanguarda da classe operária vietnamita, ela foi uma aplicação do marxismo-leninismo às condições concretas da guerra de libertação em um país colonial”.
Giap. “Guerra do povo, exército do povo”.
VoNguyenGiap, o camarada Van, sob a liderança de Ho Chi Minh, foi o principal dirigente militar dessa epopeia heroica que se resume em uma palavra: Vietnam. Ele teve a honra de participar da resistência e da libertação do seu povo, combatendo os mais agressivos, sanguinários a inescrupulosos imperialismos japonês, francês e americano. Ninguém nunca haverá de esquecer os tapetes de bombas incendiárias jogadas contra cidades inteiras ou mesmo as pequenas crianças correndo em desespero com suas costas queimadas de Napalm.
Em homenagem a isso, o camarada Giap responde ao agressor: “O maior general é o povo vietnamita. Eu dei uma contribuição à guerra, eu fiz uma pequena parte, dei uma modesta contribuição, equivalente a uma gota d’água no oceano”.
CAMARADA GIAP, PRESENTE!
[1] Todas as citações de Vo Nguyen Giap utilizadas neste texto foram traduzidas (apressadamente) do livro “Guerre du Peuple, armée du peuple”. Paris: François Maspero, 1972.