CEM FLORES

QUE CEM FLORES DESABROCHEM! QUE CEM ESCOLAS RIVALIZEM!

Cem Flores, Conjuntura, Lutas, Nacional, Teoria

LUTAR CONTRA O VÍRUS E A EXPLORAÇÃO DOS PATRÕES E DOS GOVERNOS

Protesto de trabalhadores exigindo condições sanitárias nas empresas de call center. Salvador, 19.03.2020.

Cem Flores
31.03.2020

Uma gigantesca crise atinge o conjunto do sistema imperialista mundial, com o coronavírus como detonador da explosão das contradições capitalistas. A podridão e o caráter de classe do capitalismo são expostos com toda a clareza, mais uma vez. Milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo são jogados no desemprego, na miséria, infectados pelo vírus. Enquanto isso, os patrões continuam se beneficiando, com auxílio de seu Estado capitalista. E tudo indica que o pior ainda está por vir.

Como sempre, agindo em defesa do capital ameaçado pela crise, os Estados burgueses gastam trilhões em cada país para garantir que a engrenagem continue girando. Nada mais natural, já que o Estado é (e sempre foi) das classes dominantes. As migalhas e demagogias jogadas ao povo, festejadas e estimuladas pela “esquerda” reformista, em nada resolvem o problema das massas trabalhadoras e pobres. A ilusão do “Estado neutro”, que defenderia seus cidadãos, cai por terra novamente. 

No Brasil é a mesma coisa. Os patrões aproveitam a crise para avançar na exploração dos trabalhadores e para exigir do seu Estado mais vantagens e garantias aos seus investimentos. O governo já editou medida provisória diminuindo ainda mais as conquistas trabalhistas e propondo cortar os salários pela metade.

A crise também é o teatro macabro no qual os representantes do capital disputam o protagonismo no enfrentamento do coronavírus, de olho em vantagens políticas e eleitorais. A classe operária e as massas pobres são apenas um “detalhe” no jogo de interesses das facções apodrecidas da burguesia brasileira.

Uns, completamente distantes da realidade da maioria absoluta da população, pregam o “#FiqueEmCasa” como se fosse possível a um trabalhador optar por faltar ao trabalho ou a um “autônomo” ou desempregado optar por não ir em busca de seu ganha-pão.

Outros, preocupados exclusivamente com os patrões que estão “sofrendo” a paralisia de seus negócios, pressionam para que os trabalhadores continuem nos seus postos de trabalho, para que a população pobre continue agindo como se nada estivesse acontecendo, como se não fossem exatamente eles (trabalhadores e o povo pobre) as principais vítimas da pandemia que se espalha no Brasil. Vítimas da pandemia do coronavírus e da pandemia do capitalismo com miséria, exploração, violência…

Às massas trabalhadoras e pobres são apresentadas duas falsas alternativas: 1) continuar na “vida normal” para “#OBrasilNãoParar”, para garantir o lucro dos patrões e morrer com o vírus que já está contaminando o país ou 2) “#FiqueEmCasa” como se o nosso sustento fosse cair dos céus ou de algum governante ou empresário caridoso. 

Estivessem a classe operária e as massas trabalhadoras e pobres mais fortes e organizadas, seria realmente o momento de construir a única alternativa que nos interessa verdadeiramente: acabar de vez com esse sistema que só faz aumentar a miséria. Mas enquanto esse dia não chega é possível e necessário agir. E já!

Aos que estão empregados é unir todos os companheiros para exigir que o ambiente de trabalho (incluindo o transporte) apresente condições sanitárias adequadas, condições que evitem o contágio do coronavírus, liberando do trabalho todos que estão em situação de risco. Ou então parar a produção, pois não estamos dispostos a morrer infectados para garantir que “o Brasil – na verdade o lucro dos patrões! – não pare”.

Aos que não estão empregados, que se viram para sobreviver como podem, é fundamental organizarmos juntos os meios de sobrevivência nessa crise. A solidariedade entre nós é nossa única arma! “Façamos nós por nossas mãos / Tudo o que a nós nos diz respeito”, como canta o hino de todos os trabalhadores e trabalhadoras de todos os países, a Internacional Comunista. 

Temos que organizar o apoio aos mais carentes e necessitados, o auxílio aos que já estão vivendo as dificuldades da sobrevivência, a ajuda aos que já estão necessitando de apoio médico ou de medicamentos. Será um importante aprendizado para entendermos que não necessitamos dos nossos inimigos de classe para sobreviver. Na verdade, eles nos impedem de viver de forma digna.

Juntos, trabalhadores empregados, desempregados, autônomos, moradores das periferias, arrancar dos governos (federal, estadual e municipal) um pouco daquilo que já nos roubaram a vida inteira, seja auxílio financeiro, benefícios variados ou serviços em saúde, transporte, saneamento, etc.

Essa raça de vampiros e sanguessugas que ocupam os governos não tem nada a nos oferecer que não seja nos manter presos às correntes que garantem seus lucros. Organizemos nossa sobrevivência e arranquemos dos inimigos o que nos foi roubado! Mesmo que ainda não possamos resolver isso hoje, é nessa direção que devemos caminhar.

Compartilhe
- 31/03/2020