CEM FLORES

QUE CEM FLORES DESABROCHEM! QUE CEM ESCOLAS RIVALIZEM!

Cem Flores, Movimento operário, Teoria

Engels e a Análise da Situação das Classes Trabalhadoras (livro digital)

201 anos do nascimento de Friedrich Engels

Clique na imagem para acessar o livro digital

Cem Flores
01/12/2020

Em 28 de novembro de 1820, nasceu Friedrich Engels, destacada liderança do proletariado e teórico comunista. Dentre suas contribuições, estão suas análises sobre as classes trabalhadoras no capitalismo. Engels demonstrou ser fundamental para o avanço da luta contra a burguesia o conhecimento da situação concreta do proletariado e demais trabalhadores, a partir de todos os dados econômicos e sociais disponíveis e da imersão prática na vida e luta das massas.

Em homenagem a Engels, reproduzimos abaixo as Considerações Finais de nosso livro digital (e-book) Engels e a Análise da Situação das Classes Trabalhadoras, de 2020, que pode ser acessado nesse link.

*          *          *

Considerações finais

O jovem Engels observou que o capitalismo nascente na Inglaterra, com suas impressionantes revoluções técnicas, não se reverteu em melhoria de vida, menos trabalho, mais riqueza para a imensa maioria da população, as classes trabalhadoras. Pelo contrário. Por se basear no lucro de uma pequena minoria proprietária, todo esse progresso se reverteu em mais exploração e miséria para a grande maioria, que se proletarizava – ou seja, perdia todos os meios de subsistência e era obrigada a vender sua força de trabalho para sobreviver. Volta e meia essa situação ainda era agravada com crises econômicas cíclicas.

Diante de uma sociedade profundamente cindida, de um lado a burguesia, sua riqueza e seu Estado, de outro as classes trabalhadoras, suas vidas precárias e instáveis, sob ameaça constante de serem descartadas pelo capital, a realidade da luta de classes, de um antagonismo permanente, torna-se inescapável no capitalismo. A burguesia busca de todas as formas manter o seu domínio. As massas proletárias são impelidas a resistir, lutar por mínimas condições de vida e trabalho, rebelar-se por sua dignidade.

No processo dessa luta, tais massas buscam superar suas diferenças e concorrências, constituir-se enquanto unidade e força, enquanto são atacadas de todas as formas pelos patrões e seu Estado. Para elas só há solução definitiva com o fim dessa sociedade de exploração e opressão que é a capitalista, mesmo que melhorias parciais e temporárias possam ser conquistadas.

Essas características gerais do capitalismo e da luta de classes entre burguesia e proletariado, identificadas por Engels em seu estudo da Inglaterra de meados do século XIX, permanecem muito atuais, e inúmeros são os exemplos do mundo hoje que podemos ressaltar. Inclusive, fatos tão dramáticos quanto os de sua pesquisa.

Hoje, mesmo com todo o avanço tecnológico, toda a imensa capacidade produtiva, impensáveis na época de Engels, a forma como a produção é organizada e apropriada não permitem que a maioria da população tenha uma vida digna. Apesar de o planeta hoje produzir mais de 2 bilhões de toneladas de grãos, a fome ainda atinge cerca de 700 de milhões de pessoas no mundo, por exemplo. Tal realidade causa anualmente pelo menos 9 milhões de mortes por desnutrição, além de doenças crônicas.

Por outro lado, nunca a riqueza da burguesia foi tão astronômica, a propriedade tão concentrada nas mãos de alguns poucos. Antes da atual crise, os pouco mais de 2 mil bilionários no mundo possuíam mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas, cerca de 60% da população mundial. As coisas ainda pioraram com a atual crise: os bilionários aumentaram sua riqueza enquanto uma centena de milhão de pessoas foi jogada na mais extrema pobreza.

Por falar em crises, as últimas duas grandes crises do capital têm deteriorado fortemente a vida das classes trabalhadoras. Em 2019, cerca de dez anos após uma imensa crise global, quase meio bilhão de trabalhadores estavam subutilizados (desempregados, subocupados, força de trabalho em potencial), fora outros tantos em desalento, segundo a OIT. Aqueles que conseguem trabalho, em sua maioria, sofrem as condições mais precárias na informalidade. Enquanto os que conseguem emprego formal estão a sofrer contínuas reformas trabalhistas, com redução de conquistas, mais insegurança, menos salários.

Em 2020, também de acordo com a OIT, todo esse cenário piorou drasticamente com mais uma crise. A atual previsão é que o ano feche com menos 245 milhões de empregos no mundo. Isso sem contar uma nova onda de inovações tecnológicas (multiplicação de robôs aplicados à produção etc.) que tende a trazer uma rodada a mais de desemprego.

De um lado, riqueza a perder de vista. De outro, exploração e miséria. E com constantes crises econômicas e revoluções técnicas que tendem a prejudicar ainda mais os proletários. Tal qual Engels afirmou!

Também continua extremamente atual a imensa opressão e exploração sofridas pelas massas proletárias. Apenas um exemplo. Hoje, o centro da indústria têxtil do mundo não é mais a Inglaterra nem a Europa. O atual centro fica na Ásia. Bangladesh, um pequeno país com aproximadamente cento e cinquenta milhões de habitantes, concentra milhares de fábricas têxteis, empregando nelas mais do que toda a população de Londres da época de Engels. Grandes monopólios e marcas poderosas do mundo todo estão lá para explorar aqueles operários (em sua maioria absoluta mulheres, e com uma porcentagem significativa de crianças), que possuem um dos salários mais baixos e uma das jornadas de trabalho mais longas do mundo.

Em 2013, na capital Daca, um prédio com fábricas têxteis (inclusive de grandes marcas ocidentais, como a H&M, Benetton e Primak) desabou, matando mais de mil operários e ferindo mais de dois mil. O prédio já estava interditado por extremo risco de desabamento, mas os patrões mesmo assim obrigaram os trabalhadores a continuarem sua rotina.

Um ano antes, também em Daca, uma fábrica da Tazreen Fashion, que produzia para a C&A, Walmart etc., pegou fogo, matando e ferindo centenas de operários. E esse foi apenas um dos vários de incêndios em fábricas nos últimos anos em Bangladesh.

Não seria essa uma situação exemplar para o que Engels chamava de assassinato social da burguesia?

Não por acaso, as classes trabalhadoras continuam a lutar por melhores condições de vida e de trabalho em todo o mundo. Rebelam-se para não serem reduzidas à animalidade, defendem sua dignidade. Buscam forjar a união dos trabalhadores, se organizar, mesmo com as imensas dificuldades que isso acarreta. Lançam-se à greve, ao protesto de rua, ao socorro mútuo.

De outro lado, os patrões continuamente buscam sabotar esse processo, utilizando-se dos mais sofisticados aos mais brutais mecanismos repressivos e ideológicos.

Luta de classes, tal qual Engels via nas ruas e fábricas de Manchester na revolução industrial.

Operários/as de Bangladesh em greve, 2019.

O estudo da obra de Engels continua sendo indispensável para a luta contra a burguesia e um impulso para a revolução proletária!

Proletários de todos os países, uni-vos!

Cem Flores

Compartilhe
- 01/12/2021