Cem Flores

05.04.2022

A situação das classes trabalhadoras no Brasil, que sempre foi muito difícil, tem piorado nos últimos anos. As sucessivas crises econômicas e os ataques sem fim dos patrões e de seus governos deterioram as condições de vida e trabalho das massas em todo o país. O desemprego e a informalidade aumentam. A miséria e a fome se alastram na cidade e no campo. E, para piorar, desde ano passado, a inflação explodiu e o custo de vida (alimentos, eletricidade, gás) não dão trégua.

Todo/a trabalhador/a luta diariamente, com dificuldades, para garantir o sustento de sua família. Mas seu sacrifício, cada vez maior, vale cada vez menos nos supermercados e nas lojas. Os boletos sem pagar se avolumam. Como o povo diz, está sobrando mês no final do salário.

O novo patamar de miséria e exploração que o capitalismo no Brasil tem legado ao proletariado e demais explorados, em nome dos lucros bilionários do capital, tem levado várias categorias a reagirem. Mesmo diante (e também por tudo isso!) da ameaça do desemprego, do recuo no número de greves, dos fracos resultados de datas-base e do peleguismo reinante no movimento sindical há aqueles que se somam em uma só voz e dizem em alto e bom som: CHEGA!

Aqueles/as que se juntam aos/às seus/suas companheiros/as de trabalho e se levantam contra os patrões indicam o caminho para sairmos desse duro momento! Só a luta dos/as trabalhadores/as mudará nossa realidade de exploração, que deve ruir como obra de nossas próprias mãos!

Neste ano, os rodoviários e os entregadores de aplicativo continuam a fazer paralisações e mobilizações importantes em vários cantos do país. Os servidores de municípios e professores também têm se mobilizado para reporem suas perdas salariais do último período.

Uma luta atual que se destaca é a greve dos garis no Rio de Janeiro. Há 8 anos, eles foram símbolos de garra e resistência, em uma forte e histórica greve que arrancou um aumento de quase 40% nos salários. Neste ano, a mobilização começou no final de março, quando o prefeito da cidade ofereceu apenas 4% de reajuste – menos da metade da inflação acumulada nos últimos 12 meses. Após assembleias e protestos, a greve foi deflagrada no dia 28 de março, também em defesa de melhores condições de trabalho e do plano de saúde. A proposta atual da justiça, rejeitada pela categoria, é de 10% parcelado ao longo do ano.

Greve de 2014.

A mesma “justiça” que defende manter os garis com um salário de fome é a que decretou a greve “ilegal” – antes mesmo dela começar! A categoria não se intimidou com a pena de multa diária de R$ 200 mil ao sindicato e continuou sua luta, paralisando os locais de trabalho, divulgando a greve, fazendo assembleias, inclusive na frente do tribunal, e tomando as ruas em protesto. Sabem que para fazer recuar o inimigo é preciso de união, firmeza e coragem. Por isso, a greve continua.

Enquanto essa importante luta acontece, as centrais sindicais, aferradas em seus gabinetes, preparam um documento unificado para entregar à chapa de Lula/Alckmin, na esperança de retomar seus carguinhos e os tempos de vacas gordas. Junto com a dita esquerda, cujo único foco são as eleições burguesas da vez, são inimigos da luta dos/as trabalhadores/as pois se subordinam aos interesses da burguesia e fomentam a ilusão de que tal servidão é o único caminho possível para minorar nossa vida de miséria.

A história mostra que toda conquista e toda melhoria em nossas vidas surgiram de nossa luta. De nossa ousadia. Por vezes, de nosso sangue. Também a história mostra que, governo após governo, a exploração permanece, pois permanece a escravidão assalariada. Eleições não foram e nem serão a solução para nós. Nosso caminho é a luta, da organização pela base, da reconstrução de nossa força enquanto classe. “É na luta que a gente se encontra”, diz o samba-enredo.

Total apoio e solidariedade à luta dos garis!

 Viva a greve!

☭

Cem Flores

Abril de 2022

APOIE O CEM FLORES!

Há mais dez anos o coletivo Cem Flores se esforça em construir um espaço teórico que colabore com a luta de classes proletária em nossa conjuntura. Você pode colaborar com a manutenção de nosso site a partir de R$ 10,00 mensais na plataforma benfeitoria. Siga-nos também em nossas redes sociais: facebook, instagram e whatsapp.