CEM FLORES

QUE CEM FLORES DESABROCHEM! QUE CEM ESCOLAS RIVALIZEM!

Cem Flores, Conjuntura, Destaque, Nacional

Críticas de Esquerda ao Reformismo e Oportunismo Eleitoreiros

O maior perigo, neste sentido, são as pessoas que não querem compreender que a luta contra o imperialismo é uma frase oca e falsa se não for indissoluvelmente ligada à luta contra o oportunismo”. Lênin. O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo.

Cem Flores

14.10.2022

Nas últimas semanas antes do primeiro turno das eleições gerais de 2 de outubro deste ano, foram divulgados diversos manifestos e posicionamentos políticos de grupos de esquerda, comunistas ou não, contra o apoio eleitoral à chapa Lula-Alckmin. Os documentos são diferentes entre si nas suas linhas políticas, marxistas-leninistas ou não; na denúncia ao próprio processo eleitoral burguês no Brasil atual ou apenas defendendo o voto nulo no segundo turno; e nas propostas de organização e luta para as classes dominadas. Todos, no entanto, coincidem na forte crítica ao reformismo e ao oportunismo do PT e de Lula; às políticas burguesas adotadas nos governos do PT; e às suas posições exclusivamente eleitoreiras e institucionais.

No capítulo 5 do nosso último livro digital buscamos analisar criticamente, ainda que de forma sumária, todos esses manifestos e posicionamentos políticos de que tomamos conhecimento.  Isso inclui o Centro de Estudos Victor Meyer (CVM), a Unidade Preta Comunista (UPC), o Coletivo Veredas, o Comitê de Enlace, o Movimento Marxista 5 de Maio (MM5), o Coletivo Base em Movimento, a organização Revolução Brasileira, a Célula Comunista de Trabalhadores (CCT) e a União Reconstrução Comunista (URC).

Além desses coletivos, analisamos também o manifesto “Esse outubro não será nosso! Vote Nulo!”, assinado pela Radio Pião, o Coletivo Veredas, a Revista e TV “A Comuna”, o Comboio Suburbano, o Comitê Intercidades, o Coletivo Editorial Boletim Batalhar, e vários outros grupos e militantes.

Com a continuidade do processo eleitoral, principalmente o segundo turno da eleição presidencial envolvendo o candidato de extrema-direita, fascista, Bolsonaro, e o candidato da “esquerda” reformista, oportunista e eleitoreira, Lula, que busca estar à frente de uma ampla aliança com a burguesia e seus representantes políticos, entendemos que tanto nossa análise quanto aqueles manifestos permanecem atuais e relevantes para a conjuntura da luta de classes no Brasil. Essas posições também são relevantes ao buscarem estimular a organização e a luta própria e independente do proletariado e das demais classes dominadas como o único caminho para livrar o Brasil da escravidão assalariada, derrubar o capitalismo e seu estado e construir o socialismo e o comunismo.


Leia nosso documento sobre a atual conjuntura do Brasil

Quem são os nossos inimigos? Quem são os nossos amigos? Essas são questões fundamentais! A conjuntura econômica e política brasileira e a posição comunista, de 30.09.2022.


 

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A esquerda reage! Posições críticas ao eleitoralismo e às ilusões de Lula-Alckmin

(publicado em 26.09.2022)

A adesão às eleições burguesas deste ano no Brasil e à política cada vez mais recuada e podre do petismo encontra certa resistência entre grupos e organizações de esquerda. A centralidade do jogo eleitoral e institucional, o fomento às amorfas frentes eleitoreiras e o apoio à chapa Lula-Alckmin não têm sido unânimes no campo que combate a política fascista do bolsonarismo e resiste à recente piora nas condições de vida das massas. Manifestos e intervenções críticos ao eleitoralismo reinante na esquerda têm aparecido nas últimas semanas. Vários deles enxergam – uns mais, outros menos – os riscos da adesão às eleições burguesas e à chapa Lula-Alckmin e demais frentes amplíssimas para o avanço da luta proletária e do campo revolucionário hoje no Brasil.

A análise e a divulgação de tais iniciativas são fundamentais, pois demonstram que ainda há grupos que resistem à atual onda oportunista e tentam firmar a bandeira vermelha da revolução, a única que conduzirá para fora desse momento tão adverso às massas exploradas em nosso país. São grupos pequenos em seu tamanho e influência, possuem importantes diferenças e várias dificuldades para atingir um caráter de massa. Mas hoje são os únicos que se aproximam da posição do proletariado na luta de classes, realizam a crítica sem trégua às alas burguesas em nossas fileiras e, assim, colaboram para o real combate colocado pela conjuntura: a luta concreta contra a ofensiva burguesa, em suas várias formas (da reformista à fascista), a partir da reorganização do proletariado e demais explorados/as.

Como a história dos explorados nos mostra, a posição revolucionária, comunista, na luta de classes só existe se não cedermos aos cantos de sereia do oportunismo e do reformismo e buscarmos, em todos os momentos, o caminho da independência de classe. Ceder a eles é ceder à burguesia, ferir de morte a possibilidade de construção da revolução. Por isso, nós, do Cem Flores, nos colocamos firmemente juntos a essas posições e grupos contrários ao atual eleitoralismo, mesmo que não abdiquemos da crítica franca e aberta quando necessário.

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O Centro de Estudos Victor Meyer (CVM) tem realizado importantes críticas aos impactos do eleitoralismo na luta operária hoje e ao próprio programa de Lula-Alckmin. Segundo o CVM, o aparelho sindical está paralisado nesse ano, em plena explosão da carestia de vida, ao tentar “forjar uma unidade de propósitos em torno da campanha eleitoral, centrada no apoio à candidatura de Lula à presidência da República”. A recente Conferência da “Classe Trabalhadora” (melhor seria “burocracia sindical”) demonstra mais esse recuo eleitoreiro das centrais sindicais, enquanto importantes lutas ocorreram em vários locais do país, como a batalha na CSN.

Em contraponto às posições reformistas e pelegas dominantes do movimento sindical, e diríamos em todo o movimento popular, o CVM defende a retomada das greves e a unificação das lutas. “O centro da atuação precisa estar na constante organização voltada para aproveitar as possibilidades de unificação das lutas”, inclusive para barrar as ameaças políticas do campo bolsonarista. Isso porque, e concordamos firmemente, são os/as trabalhadores/as concretamente em luta, mobilizados/as, a única força capaz de barrar toda a regressão e ofensiva do inimigo.

Quanto ao programa de Lula-Alckmin, o CVM acerta ao dizer que ele não ousa “tocar minimamente no domínio econômico e social da burguesia, estando muito longe de solucionar os graves problemas sociais que os brasileiros vivem hoje”. Também não é capaz “de mobilizar os trabalhadores, nem muito menos de organizá-los para a luta em defesa de seus interesses imediatos e futuros”.

Concordamos, por fim, com o CVM quando aponta o seguinte desafio: “o problema político imediato mais relevante para os trabalhadores – o desafio a ser enfrentado pelas forças mais conscientes e combativas em termos de posição de classe – consiste no eleitoralismo e na defesa da democracia burguesa, dominante no movimento sindical”. Desviar-se desse problema é abandonar a posição proletária na luta de classes.

A Unidade Preta Comunista (UPC), que participou conosco em live sobre as eleições no Comboio Suburbano, publicou recentemente sua posição no site Griots Vermelhos. A UPC deixa claro quais as funções do estado e dos governos nas sociedades divididas em classes: o de manter as classes exploradas em seu lugar dominado. Melhorias parciais de um ou outro governo não só não são capazes de resolver os problemas das massas como também normalmente são revertidas. Por essas razões, a UPC afirma que “propostas de lutas por dentro das instituições do Estado inimigo devem ser rechaçadas por toda a classe trabalhadora, sobretudo por nós, a maioria preta”. Na atual conjuntura, avaliamos a posição política da UPC como muito correta e coerente aos/às comunistas:

“No lugar de permitir sermos tragados e distraídos pelas eleições, devemos superar a inércia e o individualismo, nos organizarmos e partirmos para a ação coletiva por onde quer que se realizem as relações de produção e reprodução dessa nossa vida sob as rédeas do capitalismo, seja nos espaços de moradia, estudo ou trabalho”.

As críticas ao eleitoralismo e à chapa Lula-Alckmin também têm surgido em manifestos em defesa do voto nulo ou em recusa às eleições burguesas. Na atual conjuntura, é relevante o fato de tais manifestos realizarem denúncias corretas ao processo eleitoral e suas chapas, assim como apontarem para o caminho da luta.

Esse outubro não é nosso! Vote Nulo! é um desses recentes manifestos de um conjunto amplo de coletivos, canais, organizações e pessoas. Radio PiãoColetivo VeredasOrganização Política ProletáriaRevista e TV “A Comuna”Comboio Suburbano, A Toupeira, Fronteira Vermelha, Coletivo Marxismo e Revolução, Comitê IntercidadesColetivo Editorial Boletim BatalharPensamento Radical LibertárioColetivo Anarquista Vale do SinosColetivo Ação Direta, Movimento Passe Livre, Resistência Popular Estudantil de Marília, Mário Maestri, Sérgio Lessa, Ivo Tonet, Cristiana Paniago, Emiliano Aquino, José Cláudio Lemos, Jean Paulo Pereira, Wagner Sant’ana, Centro Cultural professor Tonhão, Agrupamento 18 de março, Comunistas e Anarquistas independentes são seus signatários até o momento.

O manifesto afirma a primazia da luta sobre as disputas institucionais; critica as ilusões com o Estado e o desenvolvimento capitalistas; conclui, por fim, que não há solução de fato para as massas sem a ruptura com a sociedade atual, resgatando o objetivo de “uma sociedade em que os próprios trabalhadores organizem a produção e a distribuição da riqueza e que decidam o que deve ser produzido e como deve ser produzido”. Posições que achamos fundamentais, a serem desenvolvidas e aplicadas concretamente nas lutas.

Outros signatários deste manifesto têm realizado intervenções públicas sobre a conjuntura eleitoral. O Coletivo Veredas publicou um conjunto de debates e análises sobre as semelhanças entre as candidaturas do capital, a falência da esquerda eleitoreira e o descontentamento dos/as trabalhadores/as, buscando uma linha política independente e proletária, longe das frentes reformistas. Em publicação de agosto afirma que “falta, contudo, que os revolucionários auxiliem a elevação dessa percepção generalizada (contra a política burguesa) da população a um nível superior de consciência. É preciso e possível aproveitar esse desenvolvimento espontâneo de amplas camadas da população para demonstrar a verdade de que a política, bem como o Estado, apenas servem para nos oprimir. […] Está na hora de defendermos abertamente que apenas quando os operários em aliança com os trabalhadores comandarem este país, aquele que trabalha poderá viver em paz”. Em outra análise de conjuntura de setembro, O que temos pela frente?, reforça que a questão fundamental do campo revolucionário é “acumular forças para que os trabalhadores e operários possam atravessar este difícil momento com algum ganho de organização e de consciência”. Ganho que Lula/Alckmin, obviamente, não podem oferecer.

Em coluna no site A Terra é Redonda, Mário Maestri, destaca suas razões para não apostar na chapa Lula-Alckmin no combate ao fascismo: “votar em Lula não é o meio de barrar Jair Bolsonaro, a extrema direita e, sobretudo, o golpismo. […] Constitui rendição estratégica ao grande capital e ao imperialismo e renúncia, agora e depois das eleições, à luta pela autonomia do mundo do trabalho”. Achamos infundadas diversas de suas posições e análises sobre a conjuntura política nacional dos últimos anos, tais como: “o golpe de 2016 foi salto de qualidade no assalto do capital internacional ao Brasil”Contudo, a coluna acerta, a nosso ver, ao criticar abertamente os serviços do PT à recente ofensiva da classe burguesa.

O Comitê de Enlace, que reúne o Comitê Intercidades, Comitê de Luta Operária e Transição Socialista lançou outro manifesto pelo voto nulo, só que no segundo turno. No manifesto, há uma reflexão sobre as consequências do persistente apoio eleitoral “crítico” ao PT, prática comum a diversas organizações ao longo de vários anos, “sobre a organização da classe trabalhadora e a construção de alternativas revolucionárias”. De forma muito correta, o Comitê Enlace demonstra o papel nefasto do PT desde as greves operárias do final da ditadura militar. O chamado “novo sindicalismo”, que depois virou a CUT e o PT, era uma corrente anticomunista, contra as experiências operárias mais avançadas do período e “favorável à submissão dos operários à estrutura sindical usual, tutelada pelo Estado”O PT, historicamente, “cumpriu o papel de desviar as lutas proletárias independentes para o campo burocrático/parlamentar, enterrando greves e combatendo a ascensão de organizações revolucionárias”Como bem lembram, nos governos petistas “a miséria e a exploração capitalistas não desaparecem”. Não faz nenhum sentido apoiar esse tipo de gente, nem “criticamente”, e sim combater com a maior criticidade possível!

Mas há uma subestimação muito séria do inimigo por parte do Comitê Enlace: “para além de todo o seu discurso repugnante, Bolsonaro é um frágil e instável acidente da história”. Ou afirmações infundadas como: “a verdade é que os bate-paus da burocracia sindical, cutista e afins, são ainda hoje mais perigosos para a vanguarda da classe trabalhadora do que os isolados e desclassificados apoiadores de Bolsonaro”. As manifestações de setembro, que convocaram as massas de apoiadores bolsonaristas, de um lado, e o minguado aparato dos pelegos, de outro, demonstram o contrário.

Por fim, temos forte concordância quando afirmam que “o voto no PT não é mero voto. Quando se vota hoje nesse partido, chancela-se um caminho, uma história, um programa. Bloqueia-se outra vez a possibilidade de criação do poder autônomo dos operários nos locais de trabalho”.

O Movimento Marxista 5 de Maio (MM5) tem ressaltado a seriedade da conjuntura política nacional, diante do processo de fascistização e golpismo liderado por Bolsonaro, e a incapacidade do campo reformista de combater tal ofensiva. Apesar de nossa divergência com a análise da correlação de forças presentes na conjuntura, o MM5 denuncia o engodo das frentes “democráticas”, “frentes eleitoreiras todas elas plantadas no chão do tal estado democrático de direito, na verdade um traiçoeiro canto da sereia capitalista, reacionário portanto, entoado a várias vozes, de acordo com a ocasião”. Em contraposição, defende uma Frente Antifascista de fato, “uma opção verdadeiramente proletária, revolucionária, à atual crise de dominação política da burguesia”, isso “ou mais uma vez o proletariado será feito de massa por manobras de fascistas e/ou democratas”.

Segundo o MM5“a uma esquerda marxista leninista cabe manter a linha de acumulação de forças”, sem ilusões institucionais, “intensificando o trabalho de organização e propaganda nos setores do proletariado a que temos acesso e mesmo de criar estes acessos”. Corretamente, lembram que é preciso manter a qualquer preço o essencial da linha marxista leninista: a independência do proletariado frente à burguesia e à pequena burguesia”.

Coletivo Base em Movimento se soma as denúncias das ilusões com o Estado e as eleições de 2022. No texto “Bolsonaro e Lula: candidatos a serviço do grande capital”, o coletivo não subestima a gravidade que significa a política de Bolsonaro, mas isso não diminui o erro político que é “fazer aliança com uma chapa de conteúdo burguês e com setores de direita para combater uma chapa de extrema-direita”.

A organização Revolução Brasileira também soltou uma resolução política na qual se nega a alimentar a ilusão propagada pela “esquerda liberal” com o “petucanismo”, conclamando assim pelo voto nulo. No entanto, na resolução, há uma frustração (portanto, havia antes uma expectativa) com Lula e o restante da esquerda institucional, pois eles não enfrentam a ofensiva burguesa em curso, ou não se mostram alternativa a ela. Lula não só está ausente das manifestações recentes, como se diz na resolução: as sabota abertamente. Pois essa é sua função: empurrar toda contestação para o caminho eleitoreiro, impedir as lutas. Não podemos gerar qualquer expectativa com essa canalha! Já em relação às outras candidaturas da esquerda, que em sua maioria se curvará para o “petucanismo” no provável segundo turno, não são alternativas meramente pelas “intransponíveis limitações legais do sistema de financiamento e toda a legislação eleitoral”, mas sim por sua linha política sempre iludida com a democracia burguesa, a possibilidade de gestão do estado capitalista e a mera disputa pelos espaços institucionais.

A Célula Comunista de Trabalhadores (CCT) e a União da Reconstrução Comunista (URC) lançaram um manifesto contra o processo eleitoral burguês na última edição do jornal Rumos da Luta. Em “Pela Revolução Brasileira: contra a farsa eleitoral”, os coletivos partem da conjuntura de ofensiva da burguesia. Segundo eles, essa ofensiva é auxiliada pelos ditos partidos de esquerda e pelos pelegos, inclusive porque a resistência das massas “tem sido sistematicamente desarticulada pela esquerda da ordem, que esvazia o potencial combativo das lutas, encaminhando-as para os parlamentos e submetendo-as ao calendário eleitoral burguês”. A CCT e a URC deixam claro que, o que interessa de fato a essa esquerda, são oportunistas ganhos institucionais, e não avanços de fato na luta.

Contrários à “farsa eleitoral” e às principais candidaturas burguesas, os coletivos destacam o recente crescimento das greves no país e colocam “a necessidade e a possibilidade de construir a unidade das lutas proletárias e populares. Com base nelas, devemos elaborar uma orientação tática revolucionária”. Em publicação recente, o Cem Flores defendeu uma tese muito similar:

“o estímulo, o acompanhamento, a análise e o apoio às greves desencadeadas pelas classes trabalhadoras, juntamente com outros protestos, lutas e revoltas, são tarefas fundamentais para o avanço da luta de classes operária hoje. Reforçar a resistência já existente é o único caminho para reverter a recente piora em nossas condições de vida, imposta pela ofensiva burguesa na luta de classes, e construir a ‘emancipação de todo o povo e de todos os trabalhadores do jugo dos funcionários e do jugo do capital’, como dizia Lênin”.

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Outros exemplos poderiam ser citados de grupos e organizações de esquerda críticas ao eleitoralismo na atual conjuntura nacional. No entanto, a partir dos exemplos já levantados, o mais importante é constatar a existência de um campo político em comum que vai se conformando em contraposição ao fascismo e também a mais uma rodada de oportunismo reinante na “esquerda”.

Aos/às comunistas, revolucionários/as, importa estar do lado daqueles/as que não tergiversam, assumem sua posição de classe e continuam no caminho da luta. Hoje somos poucos, mas não caímos no pântano da conciliação, no lamaçal do oportunismo, como dizia Lênin. E isso é essencial na retomada da posição proletária no Brasil.

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- 14/10/2022