Greve Geral: mais um dia de resistência contra os ataques dos patrões
Cem Flores
Pela terceira vez em menos de um mês, as ruas do país inteiro foram tomadas por manifestações contra os intensos ataques impostos pelo governo burguês de plantão:
– 15 de maio, com a Greve Nacional da Educação.
– 30 de maio, com mais uma onda de protestos contra os cortes na educação.
E, agora, 14 de junho, com uma Greve Geral contra a reforma da previdência.
E muitas outras datas hão de se suceder em defesa das condições de vida dos trabalhadores!
Mesmo com a reforma dando mais um passo no sentido de sua aprovação esta semana; mesmo com as decisões judiciais contrárias e a repressão policial; mesmo com as ameaças e as difamações de sempre; mesmo com o imenso desemprego que persiste há anos; e mesmo com o clássico papel dos pelegos de dividir e minar a mobilização[1], milhões de trabalhadores aderiram à paralisação, com destaque para os setores de transporte e educação.
Centenas de cidades, em todos os estados do país, registraram manifestações de rua, bloqueios, piquetes e assembleias. #GreveGeral tomou as redes sociais durante todo o dia 14.
Essa resistência ao governo Bolsonaro, no entanto, não começou nos últimos trinta dias. É anterior. Afinal, o programa desse governo, que representa a continuidade da imensa ofensiva burguesa dos últimos anos, afeta diretamente a vida das classes dominadas.Ora, é pela maior exploração e opressão dessas classes que o capital em nosso país busca suas chances de sair da profunda recessão/depressão no qual está atolado. E assim, tem-se forçado os dominados a reagir e resistir das formas mais variadas possíveis.
Como dissemos na apresentação de nosso novo livro (baixe aqui), concomitante à ofensiva burguesa, há a resistência proletária, visível em uma gama de eventos:
Sua força se fez presente na luta nos grandes projetos como as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, nas “greves selvagens” por fora do aparelho sindical pelego; nas jornadas de 2013 e nas manifestações contra a Copa e as Olimpíadas; nas lutas por transporte, terra e moradia; nas ocupações de escolas por estudantes; na Greve Geral de abril de 2017; na greve dos caminhoneiros e nas outras milhares de greves, inclusive em setores e categorias mais precarizados…
E, propriamente relacionadas a Bolsonaro e seu governo, tivemos, ainda em 2018, a luta nacional das mulheres no #EleNão, contra a extrema-direita que o candidato e seus apoiadores representavam; as lutas contra os aumentos de tarifas de transporte público em alguns estados, que abriram o ano de 2019; os protestos contra a reforma da previdência já em março desse ano; além da atual e imensa luta contra o corte na educação, que tem tomado as ruas de todo o país.
Nessa conjuntura de acirramento da luta de classes, no entanto, a resistência proletária apresenta imensas limitações. Como dissemos, dessa vez, em intervenção de 2017:
O proletariado enfrenta essa ofensiva burguesa em condições muito desfavoráveis, fortemente atingido pelo desemprego, pela redução de salários e pela deterioração de suas condições de vida; com baixo nível de organização para a luta sindical; e sem sua organização política, isto é, sem posição própria na luta de classes. A esmagadora maioria das centrais sindicais, dos sindicatos e dos chamados “movimentos populares” assume posições reformistas/revisionistas, de conciliação de classes e de união nacional, quando não posições abertamente burguesas na luta de classes.
Por isso a tarefa prioritária de todos os lutadores continua a ser reconstruir a posição proletária, comunista e revolucionária. Essa é a força decisiva para derrotar a ofensiva burguesa em todas as frentes.
E como construir essa força de classe, a tanto corroída pelo oportunismo e pelo reformismo, pelo cretinismo parlamentar e pelos pelegos de todas as espécies?
Estar inserido nas massas, em sua luta diária por sobrevivência, por salários, por dignidade, é uma condição fundamental. Estimular cada vez mais sua organização e força independente.
Ou seja, aos que hoje foram às ruas, às garagens e portas de fábricas, desejosos de revidar ao escárnio desse governo com seu ódio de classe, conclamamos: a luta continua!
[1]Em pleno contexto de manifestações de rua, a CUT orientou para ninguém sair de casa! “Greve Geral é dia de ficar em casa”, disse o pelego mor Vagner Freitas. Em várias cidades, assembleias sindicais foram convocadas buscando dispersar os trabalhadores.