Cem Flores

23/12/2022

Internacionalmente, o ano de 2022 foi marcado pelo agravamento das contradições interimperialistas e por mais uma comprovação da tendência do sistema imperialista à guerra e à barbárie, cuja expressão mais concreta é a guerra na Ucrânia. Nesse conflito armado, que permanece após dez meses de destruição, sem perspectiva de fim, entram em choque interesses geopolíticos e estratégicos de blocos imperialistas e de seus capitais. Portanto, trata-se de uma típica guerra imperialista, a ser denunciada e combatida pela posição comunista.

O agravamento dessas contradições interimperialistas também continuou a se manifestar através do confronto direto entre as duas maiores potências imperialistas de hoje, com fortes interpenetrações entre seus capitais: EUA e China. O complexo confronto entre os EUA, a potência dominante, porém em declínio relativo, e a China, potência imperialista ascendente, se espalha por todas as áreas (econômica, produtiva, comercial, financeira, tecnológica, diplomática e militar), não possuindo perspectivas de solução.

A dinâmica atual do sistema imperialista mundial, em suas crescentes e explosivas contradições, apenas pode ser compreendida a partir do estado depressivo da economia mundial e da tendência de redução de seu ritmo de acumulação de capital. As sucessivas crises do capital, como a de 2020, associada à pandemia, têm imposto ao sistema imperialista um crescimento econômico pífio há vários anos, impulsionando as contradições interimperialistas, e sendo influenciadas por elas. Tal estado depressivo também tem empurrado a burguesia a uma ofensiva de classe em todo o mundo. Neste final de 2022, a economia mundial desacelera claramente, em direção a uma possível recessão mundial em 2023, diante de suas contradições e das medidas de combate à inflação. Nesse cenário, a burguesia em ofensiva contínua, consolidando novos patamares de exploração e opressão para o proletariado e demais classes trabalhadoras também recorre crescentemente ao autoritarismo e ao fascismo no mundo inteiro.

Nacionalmente, 2022 foi marcado pelo último ano do governo do fascista Bolsonaro e pelas eleições gerais. O reformismo, mais uma vez, aderiu em peso às eleições burguesas, com uma política cada vez mais recuada e apodrecida, representada pela chapa Lula-Alckmin e pela frente ampla com a direita e os patrões. No entanto, alguns grupos de esquerda levantaram a bandeira de combate à política fascista do bolsonarismo sem se render ao jogo eleitoral e institucional, não abrindo mão da independência de classe, sendo este um sinal positivo para a reconstrução do campo revolucionário no país.

No nível econômico, a recuperação da forte recessão da pandemia continuou, com os lucros em alta, estimulada inclusive pelo grande pacote eleitoreiro de Bolsonaro. No entanto, a perspectiva de retorno à estagnação neste final de ano e em 2023 se torna cada vez mais concreta. Além disso, a diminuição do desemprego pouco alterou as condições duras de vida e trabalho das massas exploradas no país, que sofreram neste ano fortemente com a carestia de vida nas alturas e com a precariedade dos empregos e dos salários.

Não por acaso, as classes trabalhadoras têm reagido, ainda que de forma frágil e limitada, por meio da retomada das greves. O levante operário da CSN foi um exemplo impressionante de luta em 2022, a ser seguido no ano que se coloca à frente. Não tenhamos ilusão: nenhum governo dos patrões solucionará nossos problemas. Seremos nós, com nossa força e nossa organização, que retomaremos o que nos foi tirado!

Em 2022, o Coletivo Cem Flores continuou seu esforço para se consolidar enquanto espaço e instrumento de análise, debates e propaganda comunista no Brasil, inspirando-se nos 100 anos de luta comunista no Brasil. Ofereceu aos/às camaradas e leitores/as dezenas de textos, tanto próprios, quanto de terceiros, que consideramos de relevância para a luta operária hoje. Além disso, participou de vários debates com coletivos camaradas, disponíveis na internet. Dedicamos nossos melhores esforços para praticar e fazer avançar o marxismo em nossa conjuntura.

Nessa retrospectiva do site, resgatamos alguns temas e publicações de destaque deste ano. No ano de 2023, contamos com o apoio dos leitores e camaradas para continuarmos nosso trabalho de divulgação comunista.

Que cem flores desabrochem! Que cem escolas rivalizem!

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100 anos de Comunismo no Brasil

No dia 25 de março, celebraram-se os 100 anos da fundação do Partido Comunista do Brasil. Buscando homenagear o centenário do comunismo no Brasil à maneira marxista-leninista – isto é, estudando criticamente nossa própria experiência, nossos acertos e nossos erros, para iluminar nossos caminhos futuros – o Cem Flores iniciou uma nova série de publicações, que deve continuar em 2023. Trata-se de documentos fundamentais dessa trajetória comunista, juntamente com nossas apresentações, que buscam analisar as posições adotadas a cada momento, vinculá-la com seu período histórico, criticá-las e apreender o que apresentam de atual para o nosso movimento.

Até o momento, a série contem publicações sobre as décadas de 20, 30 e 40. Acesse aqui o conjunto desses textos.

A conjuntura econômica e política brasileira

No ano de 2022, o Cem Flores fez um extenso conjunto de publicações e debates sobre a conjuntura econômica e política brasileira. Tal esforço foi fundamental para embasar uma posição comunista frente ao momento atual da luta de classes no país.

Uma parte dessas publicações se tornou nosso último livro digital, Quem são os nossos inimigos? Quem são os nossos amigos?, lançado no final de setembro. No livro, buscamos identificar, por um lado as condições de acumulação e de lucratividade do capital na implementação do seu programa hegemônico e as condições políticas de sua ofensiva de classe e, por outro, as condições de vida, as mobilizações e resistências da classe operária e das demais classes dominadas, assim como suas possibilidades de avanço.

Em relação à vida e à luta das massas exploradas, também realizamos diversas análises e divulgamos várias lutas. Um exemplo foi o Panorama das greves no Brasil: a necessidade de ampliar a resistência das classes trabalhadoras, também de setembro.

Por fim, ao longo do ano, participamos também de debates de conjuntura nacional através de lives no Novo Germinal, na TV A Comuna, no Comboio Suburbano dentre outros canais camaradas.

Afirmar e reconstruir a posição comunista

Em 2022, o Cem Flores continuou a ser espaço de divulgação da teoria marxista-leninista e de defesa da posição comunista frente à conjuntura internacional. Foram vários os/as autores/as marxistas resgatados para o debate comunista atual, como foi o caso de Charles Bettelheim e Robert Linhart.

Também defendemos firmemente a posição proletária frente à guerra imperialista e pela derrocada desse sistema de fome, guerra e escravidão, juntamente com os camaradas do Bandeira Vermelha. Afinal a única solução ao imperialismo em crise continua a ser a construção do socialismo rumo ao comunismo!