CEM FLORES

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Cem Flores, Conjuntura, Destaque, Imperialismo, Internacional

O ranking global dos monopólios imperialistas da revista Forbes

Comparação entre o faturamento dos monopólios transnacionais e o orçamento público de países europeus (Quando as empresas são mais poderosas que os países, de 07.11.2017).

Cem Flores

04.09.2023

A substituição da livre concorrência pelo monopólio é o traço econômico fundamental, a essência do imperialismo”.

imperialismo é o capitalismo monopolista. Cada cartel, trust, consórcio, cada banco gigantesco é um monopólio”.

Lênin. O Imperialismo e a Cisão do Socialismo (outubro de 1916).

A análise marxista-leninista da conjuntura internacional deve partir, necessariamente, do conceito de imperialismo de Lênin. A partir desse conceito é possível articular a atuação dominante dos grandes monopólios transnacionais com a partilha do planeta em zonas de influência das potências imperialistas. Com isso, para além do aspecto diretamente político-diplomático-militar, destacamos a fundamental criação das redes de atuação desses monopólios em todo o mundo, que contribuem para a reorganização da produção mundial em cadeias de produção globais, maximizando suas taxas de lucro. Portanto, em ambos os casos (monopólios transnacionais e potências imperialistas, cujas atuações se reforçam mutuamente), suas contradições na disputa por lucros e mercados, pela manutenção da divisão do mundo versus a contestação visando uma nova partilha, acirram as contradições interimperialistas. No limite, essas contradições levam às guerras imperialistas opondo blocos de países e capitais imperialistas na disputa pela hegemonia do sistema imperialista mundial.


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  1. A análise dos monopólios no Documento Base

O capítulo 4 do nosso Documento Base, sob o sistema imperialista mundial neste começo do século 21, se inicia precisamente com uma análise dos monopólios. Destacando a centralidade dos monopólios transnacionais na economia mundial, aponta suas exportações de capital e a criação de sua rede global de atuação, seu papel na divisão internacional do trabalho e no acirramento das contradições interimperialistas. Achamos que esses pontos são necessários à correta interpretação do ranking global dos monopólios capitalistas elaborado pela revista Forbes, que analisaremos neste texto. Assim, transcrevemos na íntegra o trecho do Documento Base sobre os monopólios (pg. 115-118).

4.1. Capital monopolista transnacional e exportação de capitais

“O imperialismo é a fase monopolista do capitalismo” (Lênin), na qual as tendências do capital à concentração e à centralização criaram os monopólios – a essência econômica do imperialismo. Os monopólios e suas associações internacionais, formais ou informais, dominam a produção capitalista, dividem os mercados globais e buscam garantir superlucros monopolistas, tentativa de contrarrestar a tendência de queda da taxa de lucro. “Grande capital” e “grande burguesia”, portanto, devem referir-se, atualmente, ao capital monopolista.

Nestas primeiras décadas do século 21, a presença dos monopólios, cada vez maiores, está generalizada em praticamente todos os setores econômicos e em quase todos os países. Os monopólios não são mais característicos apenas da estrutura econômica dos países imperialistas, mas também da dos países dominados, quer sejam monopólios de capital nacional, quer de capital estrangeiro. Esses monopólios só acham sua correta medida na comparação com outros monopólios. Ou seja, travam uma concorrência agravada com os monopólios concorrentes, na qual acordos e alianças são sempre provisórios e instáveis, rompidos sempre que estiver em causa uma redivisão dos mercados ou conquista de novos. Essa concorrência inter-monopolista agravada se espalha pelos diversos ramos de produção e mercados transformando-se, muitas vezes, em disputas entre seus próprios estados imperialistas.

A relação dos monopólios com o capital não-monopolista assume as formas de tendência à centralização – com as diversas formas de concorrência levando o capital não-monopolista a vender sua propriedade ao monopólio ou a falir – ou de complementaridade/subordinação. Neste último caso, dada a capacidade do monopólio de incorporar esses capitais não-monopolistas ao seu próprio processo produtivo (como fornecedores de matérias-primas e/ou de demais insumos, ou responsáveis por parte da produção, distribuição ou realização), definindo e impondo as condições para essa atuação. Também pode ser definida como de caráter complementar, a acumulação do capital não-monopolista em mercadorias, segmentos ou regiões em que não se fazem presentes os monopólios, por isso mesmo de menores escala e lucratividade. Assim, o capital monopolista domina os demais capitais não-monopolistas, tornando a concorrência entre eles (que não desaparece) de caráter secundário.

Os monopólios há muito também já ultrapassaram o espaço de acumulação de capital de seus países (sem abandoná-los), estabelecendo intrincadas redes de empresas ao redor do mundo, via exportação de capitais, e constituindo-se em efetivos monopólios transnacionais. Em sua atuação transnacional, esses monopólios dividem os mercados nacionais do mundo todo dentro do próprio grupo monopolista e conformam uma ampla cadeia de fornecedores e de produtores “terceirizados” para suas mercadorias, distribuídas para os diversos mercados. Conformam-se, assim, processos de produção verdadeiramente globais, em cadeias transnacionais de fornecimento, produção/exploração e distribuição, também chamadas de cadeias globais de valor (ou de produção). Essas cadeias, sob o controle estrito do monopólio transnacional, em uma verdadeira “subsunção real”, não apenas do proletariado em relação ao capital, mas também dos demais capitais subordinados pelo capital monopolista transnacional. A maioria absoluta dos fluxos de mercadorias e de capitais no mercado mundial é constituída de operações internas aos próprios monopólios transnacionais.

Com isso, os grandes monopólios transnacionais são decisivos para organizar e reorganizar o sistema imperialista mundial e sua divisão internacional do trabalho. A exportação de capitais, além dos investimentos produtivos para criação da rede de subsidiárias no exterior, também assume a forma de endividamento externo dos demais capitais e países e ainda a dos capitais especulativos (fictícios), cuja ameaça permanente de uma repentina “fuga” exerce a pressão do capital mundial, mediante constante chantagem, sobre os demais capitais e países. A geografia da atuação dos monopólios transnacionais no sistema imperialista é dada a partir dessa rede de exportação de capital, absolutamente vinculada com a partilha do mundo entre as potências imperialistas.

Considerados todos esses aspectos, essa partilha também implica forte tendência de definição (e constante redefinição), pelos monopólios transnacionais, dos espaços disponíveis para acumulação nas diferentes formações econômico-sociais, especialmente as dominadas. Essa divisão internacional do trabalho configurada pela atuação dos monopólios transnacionais, também considera aspectos geográficos (recursos naturais), tecnológicos (inovações, produtividade), políticos, militares e a luta de classes (exploração/resistência) e está sob constante pressão por nova reconfiguração em função das contradições, principalmente as interimperialistas.

Os monopólios transnacionais também controlam efetivamente (não sem contradições) os estados burgueses, que atuam para garantir e ampliar sua acumulação e seu lucros, seja mediante a repressão doméstica ao proletariado e às demais classes exploradas, seja pela partilha do mundo entre os países imperialistas e seus capitais monopolistas. A atuação desses capitais e dos seus estados ocorre conjuntamente, pois tanto as relações de dominação político-econômica entre países abrem espaços para a expansão internacional dos monopólios, quanto vice-versa. A consequência necessária desse processo é o agravamento das contradições com os demais capitais/estados. Cada contestação dessa partilha – como a atual disputa entre a ascendente China imperialista e os EUA – cria/acirra conflitos e contradições interimperialistas que, no limite, só se “resolvem”, sempre provisoriamente, mediante guerras imperialistas.

O caráter transnacional da atuação desses monopólios também implica tendência global ao rebaixamento do valor da força de trabalho e ao aumento e à intensificação da jornada de trabalho, ampliando a exploração a que estão submetidas a classe operária e as massas trabalhadoras. A mobilidade internacional do capital possibilita uma permanente busca das melhores condições de acumulação e lucratividade, entre elas o menor capital variável possível. Como qualquer capitalista, o objetivo fundamental dos monopólios transnacionais também é o de maximizar seus lucros, aproveitando-se de sua posição monopolista para buscar extrair superlucros. Mesmo tendendo a obter uma taxa de lucro maior que a dos demais capitais, os monopólios não invalidam a lei da tendência de queda das taxas de lucro, nem eliminam as crises do capital – contraditoriamente, agravam ambas tendências do capitalismo.

  1. O ranking global dos 2.000 maiores monopólios do mundo da revista Forbes

A revista Forbes, uma das porta-vozes da plutocracia americana e mundial, divulga anualmente, há 20 anos, um ranking dos 2.000 maiores monopólios mundiais. O ranking de 2023 foi divulgado no começo de junho, com dados apurados até o começo de maio. A metodologia utilizada pela Forbes inclui monopólios gigantes com ações negociadas em bolsas de valores ao redor do mundo, a partir de informações sobre ativos totais (com base nos balanços patrimoniais), valor de mercado (multiplicação do preço de cada ação pela quantidade total de ações), vendas e lucros (ambos os fluxos acumulados nos últimos 12 meses).

Ao considerar apenas monopólios com ações negociadas em bolsa, possivelmente pela maior facilidade de informação, a lista da Forbes tem um viés favorecendo os monopólios dos EUA e dos grandes centros financeiros mundiais (como Londres, Frankfurt e Tóquio). Um exemplo é que a lista não inclui importantes monopólios transnacionais chineses como a Huawei, fabricante de equipamentos de telecomunicações e peça central da concorrência interimperialista sobre 5G, e a ByteDance, gigante das redes sociais, dona do TikTok. Outro viés da lista é a exclusão dos monopólios russos, supostamente por não terem “dados confiáveis”. Ou seja, esse ranking também é um instrumento de propaganda do imperialismo dos EUA.

O resumo dos principais resultados agregados do ranking dos maiores monopólios globais da Forbes está na tabela abaixo. Os ativos totais dos 2.000 monopólios da lista somam US$ 232 trilhões (ou mais de 1 quatrilhão de reais!). Para tentar explicar o que significa essa cifra inimaginável, podemos compará-la com o PIB mundial de 2022 – embora a comparação seja imperfeita, pois o PIB é o fluxo de valor adicionado produzido em um ano, enquanto os ativos são o estoque total de riqueza de cada monopólio. De acordo com o Banco Mundial, o PIB mundial do ano passado não chegou nem à metade desse montante, atingindo US$ 101 trilhões (aproximadamente R$ 490 trilhões).

A forma tradicional com que as bolsas de valores medem a riqueza das empresas é o chamado valor de mercado. Esse valor de mercado parte das informações contábeis de cada empresa (faturamento, lucros, rentabilidade, patrimônio líquido etc.), considera suas perspectivas de negócio, seu(s) setor(es) de atividade, o(s) país(es) em que atua, entre diversas outras informações. O mais importante, no entanto, é o montante de capital que cada bolsa de valores atrai na compra e venda dessas ações. Isso porque a própria especulação na bolsa é o objetivo principal dos “investidores” buscando lucros, com seu fluxo de capital podendo valorizar uma ação, independente dos seus “fundamentos”. O preço da ação, seu valor de mercado, torna-se assim algo relativamente independente da lucratividade da empresa – ou seja, pura expressão de uma lucratividade fictícia do capital, o chamado capital fictício.

O valor de mercado dos 2.000 monopólios do ranking da Forbes soma US$ 74 trilhões (algo como R$ 360 trilhões). A análise dos maiores monopólios por essa métrica mostra o predomínio absoluto dos EUA – principal potência imperialista, ainda que em decadência relativa, emissor da moeda mundial, maior mercado financeiro mundial, com as maiores bolsas de valores do mundo e o principal destino dos fluxos de capital mundiais. Portanto, os EUA são o epicentro da geração de capital fictício no mundo. Dos 20 maiores monopólios por esse critério, 16 são dos EUA (com apenas um chinês), incluindo Apple, Microsoft, Google e Amazon – quatro das cinco maiores.

No agregado desses 2.000 monopólios, seu valor de mercado equivalia a quase 17 vezes seu lucro anual (US$ 4,4 trilhões). Se entendermos o capital fictício como uma expressão da perspectiva de lucratividade futura das empresas, isso é equivalente a dizer que o “investidor” espera recuperar o capital investido em 17 anos. Mas essa relação valor de mercado/lucro é de 100 no caso da Oriental Land (turismo), do Japão; 253 para a Amazon; 426 no AIA Group (seguros), de Hong Kong; 950 na Salesforce (software), dos EUA; ou 2.317 para a Beijing Shougang (aço), da China! Qual “investidor” esperaria mais de dois milênios para realizar seu lucro? Nenhum, é óbvio! Essa métrica revela o grau de especulação nos mercados financeiros em todo o mundo, e como os monopólios são fontes precípuas de geração de capital fictício – além de comprovar todo o seu poderio financeiro global.

As vendas globais anuais dos monopólios chegam a US$ 51 trilhões (por volta de R$ 250 trilhões), valor igual ao PIB anual de 2022 das quatro principais potências imperialistas do mundo: EUA, China, Japão e Alemanha! Os US$ 4,4 trilhões (ou R$ 21,5 trilhões) de lucro são maiores que o PIB do Japão. E isso porque todas essas variáveis (exceto as vendas recordes) caíram em relação ao ano anterior…

  1. Os “monopólios só acham sua correta medida na comparação com outros monopólios

No Documento Base do Cem Flores, afirmamos que os “monopólios só acham sua correta medida na comparação com outros monopólios” (p. 115). O ranking da Forbes comprova essa afirmação e mostra que mesmo entre os maiores monopólios do mundo as diferenças da magnitude de capital são imensas.

Pelos critérios da Forbes, o maior monopólio mundial por volume de ativos é o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), com US$ 6,1 trilhões (quase R$ 30 trilhões). Os primeiros 60 monopólios da lista são quase todos bancos, seguradoras, empresas financeiras ou similares – mostrando o peso do capital bancário/financeiro no sistema imperialista atual. A primeira empresa produtiva da lista é a estatal de petróleo da Arábia Saudita (Saudi Aramco), seguida da Volkswagen, cujos ativos de US$ 661 bilhões e US$ 634 bilhões (nos dois casos, acima de R$ 3 trilhões) equivalem a pouco mais de 10% os ativos da primeira colocada. O gráfico abaixo elenca os primeiros 1.000 monopólios do maior para o menor pelos seus ativos. É fácil constatar que os maiores monopólios reúnem uma soma de capital tão grande que ofusca completamente os demais – que em si mesmos também são monopólios gigantes.

Esses monopólios e a quantidade de capital que eles comandam também superam em poderio financeiro diversos países. As imagens e o artigo citados na abertura deste texto comparam o faturamento (na base de dados da Forbes, as vendas) dos monopólios com as receitas orçamentárias de países. Outra comparação possível é utilizar os dados da Forbes, comparando-os com o PIB dos países compilado pelo Banco Mundial. Também nesse caso podemos comprovar a afirmação do começo deste parágrafo. Das quatro dimensões do ranking da Forbes, escolhemos o valor de mercado. Rigorosamente falando, o valor de mercado é um estoque de riqueza (em grande parte fictícia), enquanto o PIB é um fluxo de valor adicionado ao longo de um ano. Feito esse esclarecimento, entendemos que a comparação de magnitudes é válida e mostra esse poder dos monopólios capitalistas.

O gráfico abaixo mostra que nos 10 maiores países/monopólios estão incluídos Apple, Microsoft e Saudi Aramco. Se continuarmos a lista para os próximos 50, teremos 32 países (entre eles Itália, Brasil, Austrália, Coreia e México) e 18 monopólios (como Google, Amazon, Tesla, Visa, ExxonMobil, Johnson e Johnson, Walmart, Procter & Gamble, Mastercard).

  1. A competição entre os monopólios dos EUA e da China

No gráfico acima também podemos ver que EUA e China estão em patamar distinto na comparação com qualquer outra economia capitalista no mundo. É fundamentalmente entre essas duas potências imperialistas, uma em declínio relativo e outra em ascensão, que se definem as principais contradições interimperialistas, as cadeias globais de produção, as redefinições da divisão internacional do trabalho, a defesa e a contestação à atual partilha do mundo entre as potências imperialistas e seus cartéis, e a tendência às guerras imperialistas.

Os monopólios dos EUA, a principal potência imperialista mundial há décadas, dominam a lista dos maiores monopólios globais da Forbes desde sua criação, em 2003. No entanto, como potência imperialista em declínio relativo, seus monopólios têm tido participação decrescente, perdendo posições para os chineses. Em 2003, os monopólios dos EUA eram 39% da lista da Forbes, tendo se reduzido a 31% neste ano. As maiores potências imperialistas (Japão, Alemanha, Reino Unido, França) também têm participação decrescente, mas com uma diferença importante. Como os EUA continuam com uma economia muito mais dinâmica que a desses “velhos imperialismos”, e também gerando uma magnitude incomparável de capital fictício como forma de tentar combater a crise do imperialismo desde 2008, a quantidade de monopólios dos EUA atingiu seu número mais baixo em 2012, 536 (26,8%), e recuperou-se parcialmente desde então. Os demais apresentam declínio constante.

A China, potência imperialista ascendente, pelo contrário, tem ganhado continuamente participação no sistema imperialista mundial, o que se reflete também na quantidade e grandeza dos seus monopólios. A Forbes soma os monopólios da China com os de Hong Kong, o que não tem nada a ver com questões de soberania chinesa. Na verdade, a questão é que diversos monopólios chineses controlam outros monopólios em Hong Kong para se aproveitar da maior liberalização financeira daquele ex-enclave colonial inglês, o que vale tanto no sentido de sua expansão internacional, quanto na captação de capitais estrangeiros para seu crescimento doméstico. No entanto, a economia chinesa está em desaceleração à medida em que vê crescer as contradições do seu desenvolvimento capitalista. A recessão no setor imobiliário chinês contribuiu para que o país presenciasse a primeira redução na quantidade de seus monopólios no ranking da Forbes, caindo de 351, número recorde de 2022, para 346.

O Japão é o único outro país imperialista a ter mais de uma centena de monopólios entre os 2.000 maiores do mundo. E, no entanto, essa quantidade caiu 42% nos últimos 20 anos. O Reino Unido caiu quase pela metade, enquanto França (de 67 para 52, perda de 22%) e Alemanha (de 64 para 53, queda de 17%) perderam suas posições entre os cinco maiores do mundo, superadas por China e Coréia.

Na composição desses monopólios, os chineses se destacam pelo tamanho dos seus ativos totais, liderados por enormes monopólios bancários/financeiros estatais. Os quatro maiores do mundo são chineses (ICBC, Banco da Agricultura da China, Banco de Construção da China e Banco da China), com ativos somados de US$ 20,9 trilhões (ou mais de R$ 100 trilhões). Os quatro seguintes da lista são monopólios financeiros dos EUA (Fannie Mae e Freddie Mac, do setor imobiliário, J. P. Morgan Chase e Bank of America), com ativos totais somados de US$ 14,5 trilhões (R$ 70,5 trilhões). Como já mencionado, praticamente todos os 60 maiores monopólios em ativos são bancários/financeiros, que no total somam 302 dos 2.000 maiores do mundo em todos os setores.

Os 346 maiores monopólios chineses somam ativos totais de US$ 57,8 trilhões (mais de R$ 280 trilhões), um quarto do total – superando os EUA e liderando nesse critério. Além dos bancos, a Forbes destaca o setor automotivo chinês (maior exportador mundial), especialmente a cadeia produtiva de veículos elétricos; os gigantes da internet chinesa, mesmo com as contradições capitalistas com o estado chinês; e a PetroChina, uma das maiores do mundo no setor.

No critério de valor de mercado (capital fictício), os EUA seguem incomparáveis, com seus monopólios sendo equivalentes à soma dos monopólios de todos os demais países do ranking da Forbes. Com a bolha especulativa dos EUA, cevada pelas injeções de capital fictício do tesouro e do banco central americanos, seus 100 maiores monopólios cresceram 64% nos últimos 5 anos e 359% nos últimos 10 anos, por esse critério de valor de mercado. Para comparação, os 100 maiores do resto do mundo cresceram 9% e 47% nos mesmos períodos. Ainda que bem distante dos EUA, a China se posiciona em segundo lugar nesse critério, mesmo que sem ser um grande centro financeiro global – não obstante a capitalização da bolsa de Shanghai ser maior que a japonesa e a de Shenzhen superar a de Londres.

  1. Lucros colossais e a exploração da massa trabalhadora

Como já mencionado, os 2.000 maiores monopólios do mundo, de acordo com os critérios da revista Forbes, tiveram lucro somado de US$ 4,4 trilhões (por volta de R$ 21,5 trilhões). Aqui também o impressionante grau de concentração de capital, mesmo considerando apenas esses monopólios gigantescos, se impõe. Os cinco maiores (0,25% do total) responderam por 10% daquele valor e metade do lucro foi obtido por apenas 126 monopólios (ou 6,3% do total). Por outro lado, 171 monopólios apresentaram prejuízos contábeis, que somados alcançaram US$377 bilhões (R$ 1,8 trilhão).

Esses lucros equivaleram a 1,9% dos ativos totais e a 6% do valor de mercado daqueles monopólios – mostrando que no seu conjunto o capital atravessa uma crise de lucratividade que deve antecipar novas crises econômicas mais profundas do sistema imperialista mundial, cujos sinais se acumulam na desaceleração chinesa, na estagnação da Europa e do Japão, e no aumento dos juros dos EUA.

Esses lucros ao mesmo tempo monstruosos (em valores absolutos) e declinantes (como taxas de lucro) representam uma exploração crescente das massas trabalhadoras em todo o mundo, e são fruto da ofensiva burguesa dos últimos anos. A única forma de reverter essa ofensiva de classe é com a resistência das classes trabalhadoras. Os/as comunistas devem participar dessa resistência junto com a nossa classe, ajudando a organizá-la, desenvolvendo sua teoria crítica e revolucionária, criticando implacavelmente o oportunismo e o reformismo e reconstruindo o instrumento mais avançado dessa luta: o Partido Comunista!

Protesto de trabalhadores/as da Amazon (Reino Unido) em julho desse ano. Enquanto o burguês dono desse gigantesco monopólio acumula uma riqueza impensável de quase R$ 800 bilhões, os/as trabalhadores/as da Amazon do Reino Unido recebem cerca de R$ 50 a hora trabalhada, sob intensa exploração. Contra os vampiros que sugam nossas vidas, à luta!

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- 04/09/2023